segunda-feira, 31 de julho de 2017

Crise na pesquisa: tradicionais institutos estão à míngua em São Paulo, Globo Rural

No Estado mais rico do país, a crise financeira também afeta a pesquisa agropecuária, que nos últimos seis anos perdeu 21% do quadro de cientistas. O secretário de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, Arnaldo Jardim, reconhece que a crise é grave, mas observa que o problema não é exclusivo da pesquisa agropecuária paulista. Ele lembra que a conjuntura financeira adversa afeta os mais diversos setores do serviço público em todo o país, como saúde e educação, que carecem de recursos tanto para custeio e investimento como para contratação de pessoal. “É preciso repensar o poder relativo do Estado”, diz ele.
Neste ano, o Tesouro do Estado de São Paulo  destinou R$ 235,9 milhões para a Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), que coordena a pesquisa agropecuária estadual. O valor é superior aos R$ 221,3 milhões do ano passado. Do total, 90% da verba é destinada aos gastos com pessoal, apesar de o quadro de servidores vir diminuindo a cada ano, principalmente nas atividades de apoio, como técnicos, agentes administrativos e os que realizam o serviço braçal.
Um retrato da situação atual é a Estação Experimental de Ribeirão Preto, um dos 15 polos da Apta, onde currais, pastos, galpões, baias de alimentação de gado e bezerreiros estão vazios. Só sobraram mato e teias de aranha. No local, um laboratório de leite que custou R$ 500 mil, inaugurado em 2012, está fechado. O  abandono da fazenda, que faz pesquisas com gado há 60 anos, atraiu 250 famílias ligadas ao MST, que invadiram o local em julho de 2016. Os sem-terra foram retirados dois dias depois.
Até o início de 2016, a fazenda abrigava 170 vacas da raça jersey, mas chegou a alojar até 350 animais. O rebanho foi transferido para a unidade da Apta em Nova Odessa, a 203 quilômetros de distância. “Alegaram que os furtos de vacas estavam aumentando e, em vez de investir em vigias, alambrado e alarmes, a direção optou por tirar as vacas. Os pesquisadores ficaram sem estrutura para trabalhar”, conta o presidente do Sindicato dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), Joaquim Adelino Azevedo.
A retirada dos animais, que também eram usados em cursos de capacitação para pequenos criadores, ocorreu um mês antes de o governador Geraldo Alckmin apresentar um projeto de lei à Assembleia Legislativa para vender 79 áreas públicas, entre elas as terras de 13 institutos de pesquisa da Apta.
A Fazenda Experimental de Ribeirão perderia 250 hectares de seus 821 hectares, sendo que 200 já foram cedidos para o Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas) e outros 213 para a Agrishow. A mobilização dos cientistas e de parceiros como a USP, a Unesp e o Sindicato Rural de Ribeirão, além de agências de fomento à pesquisa, frustrou a venda. O projeto foi aprovado no final de novembro de 2016, mas a fazenda de Ribeirão foi retirada da lista.
Crise (Foto: d.)
Menos gente
Na Fazenda Santa Elisa, do centenário Instituto Agrônomico (IAC), em Campinas, o mato toma conta das lavouras que formam o banco de germoplasma de café, um dos principiais símbolos da importância da pesquisa paulista para a economia brasileira. O programa de genética e melhoramento do IAC, iniciado em 1932, desenvolveu, selecionou, lançou e recomendou cultivares para São Paulo do Brasil e de outros países.
O café hoje gera no país uma renda de R$ 21,9 bilhões nas propriedades para mais de 650 mil produtores, além de uma receita de US$ 1,9 bilhão em exportação.
O mato invadindo os cafezais e o abandono na Estação de Ribeirão Preto refletem as dificuldades enfrentadas pela rede estadual de pesquisa agropecuária paulista coordenada pela Apta, que, além do IAC, conta com outros cinco institutos: Biológico (IB), Economia Agrícola (IEA), Zootecnia (IZ), Pesca (IP) e Tecnologia de Alimentos (ITAL).
Joaquim Azevedo, da APqC, denuncia que a estratégia do governo paulista é tornar as áreas inservíveis para depois justificar a venda de parte das áreas dos institutos. Ele arremata dizendo que uma das medidas mais eficazes para isso foi reduzir gradualmente o número de pesquisadores e de pessoal de apoio nas fazendas. Joaquim conta que, na reformulação do funcionalismo, o governo acabou com algumas carreiras, como a de vigia, trabalhador braçal e auxiliar, que atuavam nas lavouras e nos currais.
O último concurso para pesquisador foi realizado em 2003. Desde então, muitos se aposentaram ou migraram para outras empresas, já que o salário no Estado está congelado há cinco anos. Segundo ele, 62% dos pesquisadores da Apta têm mais de 50 anos. Sem auxiliares, os cientistas têm de arrumar suas salas, fazer o café e limpar o banheiro, se quiserem manter tudo em ordem.
Crise (Foto: d.)
Crise (Foto: d.)
Crise (Foto: d.)
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Royalties
O secretário Arnaldo Jardim concorda com as críticas quanto à falta de pessoal de apoio e explica que o problema será resolvido assim que a área jurídica der um parecer liberando a contratação de mão de obra para atuar no campo e nos escritórios, com base na nova lei da terceirização. Ele diz que, nos dias de hoje, não tem sentido realizar concursos para contratar funcionários que iriam realizar essas atividades, lembrando que muitas são sazonais.
Em relação à redução do quadro de pesquisadores, o secretário observa que o problema afeta outras secretarias, como Saúde e Educação, devido às restrições financeiras para a realização de novos concursos. Ele considera uma conquista o fato de o governador Geraldo Alckmin ter autorizado, em maio último, a realização de concursos para o preenchimento de 189 cargos na Secretaria de Agricultura, dos quais 33 são para pesquisadores científicos.
Pesquisadores têm de arrumar suas salas, fazer café e limpar os banheiros
Arnaldo espera resolver o problema da falta de recursos para custeio e investimento na pesquisa por meio de parcerias com o setor privado, como os entendimentos que estão sendo realizados entre os diversos institutos e as empresas do setor de alimentos, a fim de ampliar as linhas de pesquisas que podem ser realizadas em conjunto. Neste ano, a expectativa é captar R$ 44 milhões  por meio das parcerias e ainda contar com R$ 12 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). A expectativa é atingir um orçamento total de R$ 298 milhões.
Ele destacou também a nova legislação que permitirá a cobrança de royalties sobre as variedades registradas, inclusive com remuneração para o pesquisador autor do trabalho. Um dos segmentos é o de sementes de feijão, no qual o IAC detém 30% do mercado com suas variedades. “Até agora, as cultivares desenvolvidas, como é o caso do café, representaram muito para o país e os produtores, mas, para os institutos, ficou apenas o orgulho do dever cumprido. Recurso zero”, diz o secretário.
Outra nova alternativa para alavancar recursos para a pesquisa será o arrendamento de parte das áreas dos institutos para o setor privado por meio de licitações, nas quais os pesquisadores poderão continuar atuando em parceria para realizar seus experimentos. A  justificativa do governo para colocar parte de suas fazendas à venda foi que elas já não estavam sendo utilizadas para pesquisas e o governo paulista, diante da crise financeira, que implicou em queda na arrecadação, precisava buscar outras receitas.
Orlando Melo de Castro, coordenador da Apta, garante que não haverá prejuízo, argumentando que as estruturas dos institutos foram montadas ao longo de 100 anos e são atualmente muito grandes para o fim de pesquisa. “Agora, temos outra realidade. Por exemplo, o Centro de Cana de Ribeirão mantém mais de 100 parcerias com propriedades privadas. Ou seja, nem 2% da cana pesquisada está em áreas da estação experimental.” 
O presidente da APqC diz que, na prática, as parcerias já vêm acontecendo de maneira informal por iniciativa dos próprios pequisadores, que, na falta de condições nos institutos, buscam apoio dos produtores rurais para realizar os experimentos em suas fazendas.
Crise (Foto: d.)
Leite forte
No caso da Estação de Ribeirão Preto, a transferência das vacas interrompeu uma linha de pesquisa de produção de leite biofortificado através do enriquecimento da ração. O estudo era liderado pelos pesquisadores Marcia Saladini e Luiz Carlos Roma Junior, da Apta, em parceria com a Universidade de São Paulo.
“A pesquisa era pioneira no Brasil. Diferentemente do leite fortificado, que recebe os nutrientes especiais na indústria, usamos o organismo da vaca para preparar um alimento melhor para o consumo humano”, explica Hélio Vannucchi, da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão.
O primeiro experimento foi com crianças em Pirassununga (SP). O segundo, com  idosos da Casa do Vovô de Ribeirão. A ração das vacas foi enriquecida com selênio, vitamina E e óleo de girassol, rico em gordura poli-insaturada ômega 3.
“No fim desses testes, sobraram muitas perguntas, que esperávamos responder com mais estudos para avançar no conhecimento científico, a fim de que, em alguns anos, o produto fosse disponibilizado para o mercado. Infelizmente, a direção da Apta optou por interromper essa linha de pesquisa que rendeu várias publicações e chamou a atenção da comunidade científica internacional”, afirma Hélio Vannucchi.

Crise (Foto: d.)
Pesquisa é estratégica para o país
A Estação Experimental de Ribeirão Preto, que agora está quase abandonada, é responsável por pesquisas estratégicas para o país. Lá, o pesquisador Geraldo Balieiro Neto desenvolveu um composto para substituir os antibióticos na ração de bovinos.
O surgimento das superbactérias tem levado muitos países a proibir o uso dos antibióticos para ganho de peso dos animais. Antevendo que a proibição será adotada no Brasil, Geraldo criou seu composto.
O produto natural, à base de anticorpos policlonais, é extraído da gema do ovo de galinhas poedeiras imunizadas por vacinas. Segundo ele, a pesquisa mostrou que os anticorpos ingeridos na ração possuem a mesma funcionalidade dos antibióticos, sem a desvantagem de inibir o crescimento das bactérias gram-positivas, benéficas aos animais.
Atualmente, o produto está em processo de patente no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). O próximo passo é estabelecer parcerias para disponibilizar os anticorpos para os produtores.
A pesquisa de campo ocorreu em 2015 e 2016 com gado nelore puro confinado na fazenda. O composto foi produzido no moderno laboratório em que Geraldo faz suas análises, com apoio da Fundepag (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa do Agronegócio) e da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Caso o Ministério da Agricultura proíba os antibióticos sem ter uma alternativa no mercado, os animais vão pesar 12% a menos, a carne ficará mais cara e o Brasil perderá competitividade.
*Matéria publicada originalmente na edição de julho/2017 da revista Globo Rural

Braskem desenvolve solução inovadora com PVC

A Braskem, maior petroquímica das Américas, desenvolveu em seu Centro de Tecnologia e Inovação, em Triunfo (RS), mais uma solução pioneira para a indústria brasileira. O compósito de PVC com pó de MDF é um produto com características únicas no mercado nacional e oferece diversas vantagens para clientes e consumidores. Com alta durabilidade, maior leveza e 100% reciclável, a madeira plástica tem se mostrado uma boa solução para o segmento de perfis.
A parceira da Braskem no desenvolvimento da nova tecnologia foi a Perfiltec, empresa de Caxias do Sul (RS), especializada na produção de perfis extrudados para construção civil, indústria moveleira, automotiva, entre outros setores. O interesse em novas oportunidades no mercado uniu as duas empresas e inspirou o lançamento da linha Infinity, uma série de produtos da Perfiltec com base no compósito de PVC e MDF. A nova linha inclui móveis para áreas externas, aplicações na construção civil e no mercado agrícola.
“Este foi mais um caso de desenvolvimento de solução ao lado dos nossos clientes, com ótimos resultados. Reunimos as características do polímero PVC com o MDF em pó e encontramos uma tecnologia bem interessante para vários segmentos. Este produto já tem um mercado grande no exterior e esperamos crescimento no Brasil em breve”, afirma Wagner Ormanji, engenheiro de aplicação da Braskem.
Embora a aparência seja semelhante à madeira natural, a nova solução com PVC apresenta muitas diferenças e vantagens importantes, como: maior durabilidade e resistência mecânica, menor peso, baixa absorção de água, imunização contra pragas e material anti-chamas.
A sustentabilidade é outra forte característica do compósito. Durante a produção da madeira plástica, a Perfiltec reutiliza o pó de MDF da indústria moveleira, tradicional na região de Caxias do Sul, que até então era desperdiçado no meio ambiente ou incinerado, com custos elevados. A empresa também oferece aos consumidores um sistema de logística reversa, no qual é capaz de recolher os produtos da linha Infinity para reciclagem.
Atualmente, o compósito é oferecido exclusivamente pela Perfiltec como matéria-prima de produtos com preço 35% abaixo da média do mercado. Com perspectivas positivas, a empresa e a Braskem já estão desenvolvendo novas aplicações do compósito para carrocerias e pisos de ônibus e caminhões. “O compósito de PVC e MDF é um produto inovador, que não existia no mercado há alguns anos. Com a retomada da economia, nossa expectativa é vender entre 70 e 80 toneladas do compósito por mês, já incluindo as oportunidades no mercado automotivo”, comenta Loreci Miranda, diretor da Perfiltec.
Sobre a Braskem
A Braskem é a maior produtora de resinas termoplásticas das Américas, com volume anual superior a 20 milhões de toneladas, incluindo a produção de outros produtos químicos e petroquímicos básicos, e com faturamento anual de R$ 55 bilhões. Com o propósito de melhorar a vida das pessoas, criando as soluções sustentáveis da química e do plástico, a Braskem exporta para Clientes em aproximadamente 100 países, conta com cerca de 8 mil integrantes e opera 41 unidades industriais, localizadas no Brasil, EUA, Alemanha e México, esta última em parceria com a mexicana Idesa.
Sobre a Perfiltec
Com sede em Caxias do Sul (RS), a Perfiltec é especialista na fabricação de perfis extrudados de alta complexidade, operando dentro das normas da Qualidade ISO 9001. Sua linha de perfis extrudados em PVC, PE e PP é utilizada pelos segmentos da construção civil, indústria moveleira, refrigeração, automotiva e outros.

Fonte: Assessoria

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Em 10 anos, safra de grãos 48% maior, Valor Econômico


24/07/2017 - Valor Econômico
Em estudo divulgado na última sexta-feira, o Ministério da Agricultura e a Embrapa projetaram que a safra brasileira de grãos poderá alcançar entre 288,2 milhões de toneladas e 343,8 milhões de toneladas em 10 anos. O estudo destacou ainda a possibilidade de o milho ultrapassar a soja em produção absoluta. Os dois produtos, que são as principais commodities agrícolas cultivadas no país, continuarão a puxar a expansão dos grãos até 2026/27, segundo o documento.
Considerando o limite superior da estimativa, haveria um salto de 48,2% na produção brasileira de grãos em relação à estimada da Conab de 232 milhões de toneladas para a safra 2016/17.
Em relação à área plantada de todas as lavouras (grãos e culturas perenes), o estudo prevê um crescimento de 13,5%, saindo de 74 milhões de hectares em no ciclo 2016/17 para 84 milhões de hectares em 2026/27.
Segundo o estudo, a área de grãos deve aumentar 17,3% nos próximos 10 anos. Essa expansão deve ser concentrar em soja (estimativa de aumento de 9,3 milhões de hectares), cana-de-açúcar (1,9 milhão de hectares a mais) e milho (1,3 milhão de hectares a mais).

Em reunião na Bolívia, Mercosul dá aval para Corredor Ferroviário, Campo Grande News


23/07/2017 - Campo Grande News
A Cúpula do Mercosul aprovou na semana passada a criação do Corredor Ferroviário Bioceânico Central, que quer ligar os oceanos Atlântico e Pacífico via ferroviária e rodoviária. A decisão é mais um passo para pôr em prática o que promete ser uma rota de integração comercial entre três países.
São 3.755 quilômetros para unir o Porto de Santos ao Porto de Ilo, no Peru, passando por Mato Grosso do Sul. A criação do Corredor tem ganho atenção do Governo do Estado que atua para tirar o projeto do papel, que depende de ação conjunta de governadores e presidentes de todos os países.
A Semagro (Secretaria de Desenvolvimento Econômico) atua com o Ministério das Relações Exteriores e de Transporte do Brasil para reativação da ferrovia, item essencial para a rota. “Temos realizado estudos e trabalhos com o governo boliviano. Aprovação no Mercosul é mais um passo importante na estratégia do governo de MS de investir em logística e competitividade”, afirma o secretário Jaime Veruck.
O projeto é importante para a Bolívia conseguir fazer seus produtos chegarem mais rápido a China, ligando por meio dos trilhos, os oceanos Pacífico e Atlântico. A intenção é de que a ferrovia boliviana Oriental opere até Campo Grande, o que depende de anuência da ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres).
“Temos realizado estudos e trabalhos com o governo federal e o governo boliviano, que sempre demonstrou interesse na proposta. Essa aprovação no Mercosul é mais um passo importante na estratégia do governo do Estado de focar na logística e na competitividade de Mato Grosso do Sul”, comentou o secretário Jaime Verruck.
Atualmente Mato Grosso do Sul tem apenas uma rota comercial que mantém a ferrovia ativa. A Rumo ALL, responsável pela administração dos trilhos, tem contrato com a Arcelor Mittal para levar aço de Bauru para Corumbá.
Esse contrato foi suspenso no ano passado e a ANTT precisou intervir para que a Rumo voltasse a cumprir com o estabelecido, e não parasse por completo as operações da ferrovia de MS.

Metrô conclui construção da Via da Linha 15-Prata


21/07/2017 - Metrô SP
Com as duas últimas vigas-guia de concreto no lugar, obra do monotrilho conclui etapa importante do processo de implantação. Cada peça pesa 70 toneladas.
Nesta sexta-feira, 21 de julho, o Metrô conclui o lançamento das vigas-guia, espécie de trilhos de concreto, da linha 15-Prata. Com isso, toda a via do monotrilho estará implantada avançando mais uma etapa para o funcionamento da linha, de Vila Prudente até São Mateus, na zona leste da capital.
As duas últimas vigas serão instaladas na chegada à futura estação São Mateus, sobre a avenida Sapopemba. Elas vão compor o chamado "track switch" que atua movimentando as vigas, permitindo que o trem mude de uma via para outra.
Ao todo, o trecho Vila Prudente-São Mateus tem 868 vigas-guia ao longo de 13 quilômetros, além de outras 256 que compõem o pátio Oratório, totalizando 1.124 unidades. Cada viga tem, em média, 30 metros de comprimento, 70 centímetros de largura e pesa 70 toneladas.
A implantação da linha 15-Prata conta atualmente com 2.000 funcionários no empreendimento. Agora, os trabalhos estão concentrados na construção simultânea de oito estações. Essas obras são do trecho prioritário da linha, que vai de Vila Prudente a São Mateus, com dez estações, um pátio de manutenção e 13 quilômetros de extensão. O trecho atenderá mais de 300 mil pessoas por dia, utilizando 27 trens.
O primeiro trecho, com duas estações e 2,3 km entre Vila Prudente e Oratório, já foi concluído e opera desde 2014, permitindo a integração gratuita com a linha 2-Verde e proporcionando o acesso a uma rede de 339 km de trilhos, em 22 municípios, por uma única tarifa. Já o segundo trecho inclui outros 10,7 km de vias elevadas e oito estações com previsão de entrega no primeiro semestre de 2018: São Lucas, Camilo Haddad, Vila Tolstói, Vila União, Jardim Planalto, Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus.

Ferrovias vão investir R$ 30 bilhões em ampliação no Brasil, CB

23/07/2017 - Correio Braziliense
O investimento em ferrovias finalmente vai sair do papel. Se depender das concessionárias da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o setor receberá um aporte de quase R$ 30 bilhões em obras civis de ampliação da capacidade e resolução de conflitos urbanos e em material rodante. Interesse e disposição há, garante o diretor executivo da ANTF, Fernando Paes. As companhias também não descartam investir na Ferrovia Norte-Sul, no trecho de Porto Nacional (TO) a Estrela D’Oeste (SP), cujo leilão está marcado para fevereiro de 2017.
Paes ressalta que cinco concessionárias associadas à ANTF estão qualificadas pela Lei nº 13.448 de 2017, originária da MP das Concessões, que permite a antecipação da prorrogação dos contratos. “A grande vantagem é que, com a nova legislação, é possível antecipar investimentos que só seriam feitos depois da prorrogação ao fim do prazo das concessões”, explica.
Para o especialista em infraestrutura Luiz Felipe Graziano, sócio do Giamundo Neto Advogados, a MP das Concessões, convertida em lei, dá segurança jurídica aos concessionários para que busquem empréstimo junto aos agentes financeiros. “Alguns projetos atrasaram os investimentos em função de cláusulas contratuais. Nas concessões, alguns eventos não são de responsabilidade do concessionário. No caso das ferrovias, há interferências no traçado que precisam ser removidas pelo poder concedente”, diz.
Com a lei, os gargalos serão resolvidos, assegura Fernando Paes, da ANTF. “Mesmo sem a criação de novas ferrovias, o setor tem condições de contribuir com ampliação de capacidade. Isso significa aumentar pátios para que um trem estacione e outro possa ultrapassá-lo ou utilizar composições com mais vagões e adequar os trilhos para suportar as modificações”, detalha.
Conforme a ANTF, se os cronogramas previstos pelo governo forem cumpridos, com a assinatura de duas prorrogações este ano e outras três em 2018, os novos investimentos vão gerar 41,5 mil empregos diretos e indiretos, sendo 38 mil nas obras civis e 3,5 mil na indústria. “A previsão é de R$ 25,7 bilhões em investimentos, além de aporte de R$ 2,2 bilhões em material rodante”, estima.

Movimentação

O diretor destaca que, desde a privatização do setor, em 1997, o transporte ferroviário de cargas evoluiu muito no país. “Hoje, 25% das cargas são movimentadas sobre trilhos. A nossa densidade ainda é baixa na comparação com outros países, mas os números melhoraram muito em 20 anos”, conta.
Desde 1997, a movimentação de cargas cresceu 117,9%. Houve expansão de 148% na produção ferroviária em toneladas por quilômetro rodado (TKU). O setor, que hoje emprega quase 40 mil pessoas, investiu R$ 58,3 bilhões em linhas férreas e aquisição de material rodante, além de ser responsável pela arrecadação de R$ 23,9 bilhões em concessões, arrendamento e tributos no período (veja quadro).
Dentre as associadas da ANTF, as concessionárias aptas a assinarem a antecipação são a Rumo, que surgiu da fusão com a América Latina Logística (ALL) em 2015, a MRS Logística, que opera a Malha Regional Sudeste, a Vale Estrada de Ferro Carajás (EFC) e a Vale Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e a VLI Ferrovia Centro Atlântica (FCA).

Rumo certo

Com negociações avançadas para assinatura no segundo semestre deste ano, a Malha Paulista da Rumo prevê investimentos de R$ 5 bilhões até 2023, afirma o diretor regulatório e institucional da companhia, Guilherme Penin. “Como a prorrogação é de 30 anos, muita coisa será investida, mas o aporte inicial é esse. Está certo”, diz. A Rumo deve ser a primeira a renovar, porque é o principal corredor que liga a produção de grãos ao Porto de Santos.
Com os investimentos, a companhia vai mais do que dobrar a capacidade. As atuais 30 milhões de toneladas transportadas por ano, passarão a 75 milhões de toneladas anuais. “O trem padrão, de 80 vagões, será substituído por um com 120 vagões. Isso necessita ampliações nas linhas, para que cruzem com mais velocidade, e obras na infraestrutura das linhas, para que trilhos e dormentes aguentem o aumento de capacidade”, explica.
Penin afirma que a Rumo está estudando o material da Norte-Sul colocado à disposição pelo governo. “Quando o leilão ocorrer, a Malha Paulista já estará prorrogada. Pretendemos ir às audiências públicas”, projeta. A Rumo é hoje a maior operadora ferroviária do país, com mais de 12 mil quilômetros de trilhos em seis estados (RS, SC, PR, MS, MT e SP), além de operar 12 terminais de transbordo. A rede atende os três principais corredores de exportação de commodities agrícolas, abrangendo uma área responsável por aproximadamente 80%, além de estar interligada com os portos de Santos (SP), Paranaguá (PR), São Francisco (SC) e Rio Grande (RS).
Em 2016, a Rumo transportou 50% de toda soja, milho e farelos exportados pelo Porto de Santos. Em Paranaguá, a representatividade na exportação de açúcar foi de 88%. A empresa já adquiriu 113 locomotivas e 1.919 vagões desde a fusão, em 2015, até o fim do primeiro trimestre de 2017. O atual plano de investimentos prevê a aquisição de mais 57 locomotivas e 388 vagões. Entre material rodante comprado, em aquisição ou previsto, são 170 novas locomotivas e 2.307 novos vagões até 2020. Em dois anos, a companhia investiu mais de R$ 1 bilhão na manutenção, recuperação e duplicação de trechos da linha férrea. “Estamos falando em quase 700 quilômetros de trilhos recapacitados no período.”
Aporte médio de R$ 5 bi
As concessionárias da Associação Nacional de Transportadores Ferroviários (ANTF) vão investir cerca de R$ 30 bilhões se anteciparem as prorrogações dos contratos. Neste ano, cinco companhias estão qualificadas pela Lei nº 13.448, originária da Medida Provisória (MP) das Concessões, mas ainda há uma sexta empresa que deve se qualificar em 2018. O investimento médio de cada operadora é de R$ 5 bilhões.
Apesar de não revelar o valor que pretende investir, a MRS Logística, que opera Malha Regional Sudeste, com atuação em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, está entre as concessionárias qualificadas para antecipar a prorrogação. Gustavo Bambini, diretor de Relações Institucionais da empresa, está animado com a perspectiva de renovação do contrato. “Queremos focar em novos mercados”, conta.
Atualmente, 73,5% da movimentação da MRS são de minério de ferro, 16,3% de produtos agrícolas, 3,1%, siderúrgicos, e 1,3% de carvão e coque. “O objetivo é ampliar o transporte de contêineres, hoje em torno de 5%, e, para isso, vamos fazer investimentos em melhoria logística nas cidades, porque a ferrovia ultrapassa os maiores centros do país”, ressalta Bambini.

Conflito urbano

Com a prorrogação, a MRS vai investir para resolver conflitos urbanos, fazer viadutos e ampliar o transporte de contêineres. “Estamos apostando no processo. Entregamos o plano de negócios em abril e estamos negociando com o governo”, explica. O diretor também não descarta investir na Norte-Sul. “Como nossa ferrovia passa no Porto de Santos, tivemos proposta para prever cessão de faixas, com a chegada da Ferrovia Norte-Sul no horizonte. Estamos estudando o edital para participar”, revela.
A operadora de cargas MRS tem uma malha ferroviária de 1.643 quilômetros de extensão, opera em cinco portos — Santos, Itaguaí, Sudeste, Guaíba e Rio de Janeiro — e tem uma frota de mais de 18 mil vagões e 800 locomotivas. Cerca de 20% das exportações brasileiras passam pelos trilhos da MRS, que contribui com 35% da carga ferroviária nacional e emprega 6 mil colaboradores diretos e 3,5 mil terceirizados.
“Dentro do nosso traçado, não há nenhum trecho subutilizado. Queremos aumentar a participação em contêineres em mais de 200% e colaborar para tirar os caminhões da Dutra (rodovia Presidente Dutra, que liga SP ao RJ)”, diz. Com isso, a empresa pretende aumentar sua produtividade. “Fechamos o ano passado com 168,7 milhões de toneladas transportadas, o que equivale a aproximadamente um terço da produção nacional. Hoje, transportamos quase quatro vezes mais do que quando a empresa foi criada.”


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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Novo código da mineração vai elevar custo de empresas, RF


27/07/2017 - Estadão
As primeiras avaliações sobre a reforma do Código da Mineração, proposta pelo governo, são antagônicas. Se um por lado, o texto fixa uma série de regras, há tempos esperadas, que podem dar mais previsibilidade para as empresas do setor que estavam numa espécie de limbo regulatório; por outro, altera a base de cálculo e as alíquotas da cobrança de royalties – a parcela do resultado que deve ser repassada ao Estado pelo direito de exploração das minas. Segundo os especialistas, as empresas já estimam que terão de rever receitas e lucros – para baixo – por causa do aumento de tributos.
“A proposta tem um forte componente arrecadatório e podemos dizer que ninguém, apenas o governo, gostou das mudanças que foram feitas no que se refere à cobrança de royalties”, diz Pedro Henrique Jardim, sócio da área de infraestrutura do escritório de advocacia Machado Meyer. Segundo Jardim, o aumento de impostos já era esperado, porque foi ventilado por representantes do governo em declarações públicas, no entanto, ficou muito acima do esperado.
Estão previstas elevações de alíquotas para a extração de metais e de pedras preciosas, como ouro (1% para 2%) e diamante (2% para 3%), bem como para as chamadas “terras raras”, minerais essenciais para componentes de alta tecnologia, como o nióbio (2% para 3%), usado em ligas especiais dos motores de foguetes e de aparelhos de ressonância magnética.
A alteração que mais incomodou foi a mudança na forma de cobrança do minério de ferro, base para a produção de aço. Deixaria de ser 2% sobre o faturamento líquido e passaria a ser cobrada de maneira escalonada até um teto de 4%, considerando a flutuação do preço no mercado internacional. Até US$ 60 por tonelada, a alíquota continuará em 2%; entre US$ 60 e US$ 70, passará a 2,5%; de US$ 70 a US$ 80 irá a 3%; na faixa de US$ 80 a US$ 100 ficará em 3,5%. Já acima dos US$ 100 por tonelada, o imposto será de 4%.
Algumas alíquotas foram mantidas, como a da bauxita (3%), componente do alumínio. Foram reduzidas as alíquotas de minerais da construção civil (2% para 1,5%), como areia, cimento, argila, que também entram na composição de porcelanatos, como louças, pisos e azulejos. No entanto, como a proposta altera não apenas as alíquotas, mas muda também a base cálculo, a perspectiva é que haja aumento generalizado da carga tributária.
Segundo Jardim, como o novo marco propõe uma série de mudanças na estrutura tributária, não é possível estimar, num primeiro momento, o impacto geral para o setor. “O impacto vai variar muito, de acordo com a estrutura de transporte e de produção de cada empresa”, diz o advogado. Em relatório enviado ao mercado, o BTG Pactual estimou que, para a Vale, a maior mineradora de ferro de mundo, os impactos econômicos tendem a ser limitados.
Arcabouço. No aspecto geral, segundo Pedro Garcia, coordenador Regional da Área de Mineração do Veirano Advogados, é bem vinda a estruturação de um arcabouço institucional. Uma avanço é a previsão de transformar o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em Agência Nacional da Mineração (ANM). “Em tese uma agência tem mais autonomia e menos influência política”, diz ele.
Outro ponto positivo é regulamentar a prorrogação do prazo de pesquisa da mina, antes não prevista. A fase de pesquisa é a mais delicada. Feita num prazo inadequado pode levar a erro na identificação do verdadeiro potencial da lavra. Pela proposta, ficaria estabelecido o prazo de três a quatro anos de pesquisa, com um ano adicional, caso a empresa comprove que problemas ambientais.
Modernização. A expectativa é que o novo código desburocratize o setor, superando a fase de incerteza criada em 2013, com a proposta da presidente Dilma Rousseff. “Naquele momento, o governo buscava um marco mais intervencionista, determinando que novas áreas descobertas precisariam de licitações, o que não faz sentido em nenhum lugar do mundo”, diz Garcia.
O sócio da área de mineração do escritório TozziniFreire, Luiz Fernando Visconti, recorda que a insegurança gerada em 2013 afetou não só as mineradoras instaladas no País, mas também as que pleiteavam entrar no mercado local, o tende a ser resolvido quando a nova lei passar a valer. Mas Visconti lembra que as MPs que constituem o novo código ainda precisam passar por todo o trâmite do Congresso e vários pontos podem ser alterados.


Unicamp testa casca de coco e descobre opção para gerar energia em centros urbanos, G1

Os brasileiros consomem a água de dois bilhões de cocos por ano, que geram toneladas de resíduos diariamente. Um estudo feito na Unicamp, em Campinas (SP), pelo químico Vadson Bastos do Carmo para sua tese de doutorado constatou que a casca do coco verde tem potencial energético para produzir eletricidade equivalente ao bagaço de cana, já utilizado em várias usinas de álcool.
O uso desse material, que é um dos maiores geradores de resíduos de alimentos nas grandes cidades brasileiras, poderia ser usado em geradores de energia urbanos.
“Com adaptações, esses geradores poderiam usar o coco junto com outros resíduos de indústrias, como a moveleira, de podas de árvores e corte de mato para gerar energia”, diz Vadson.
Casca do coco tem potencial energético, aponta pesquisa da Unicamp (Foto: Alexandre Macieira/Riotur)Casca do coco tem potencial energético, aponta pesquisa da Unicamp (Foto: Alexandre Macieira/Riotur)
Casca do coco tem potencial energético, aponta pesquisa da Unicamp (Foto: Alexandre Macieira/Riotur)

Coco em teste

A sua tese avaliou oito tipos de biomassa, sendo que o coco nunca tinha sido analisado pelo potencial energético, segundo ele. O pesquisador avaliou em seu estudo a viabilidade do uso de casca de coco e outros resíduos em um gerador da Ceasa Campinas, que liga o equipamento movido a óleo diariamente no final da tarde e início da noite para economizar energia.
“Com algumas adaptações, essa biomassa poderia ser usada nos grandes centros. Além de economizar energia para o consumidor, o uso desse sistema teria ganhos ambientais e poderia até diminuir o custo da energia elétrica em geral”, avalia.
Ele calcula que se todas as usinas de açúcar do país começassem a gerar energia a partir do bagaço e outras biomassas, o que já ocorre em algumas, elas poderiam ter uma produção equivalente a 23% do que a usina Itaipu fornece atualmente.
Essa energia de biomassa poderia substituir a cara eletricidade das termoelétricas a óleo diesel acionadas em época de estiagem.
Casca de coco pode ser usada em geradores de energia urbanos, diz pesquisa da Unicamp (Foto: BBC)Casca de coco pode ser usada em geradores de energia urbanos, diz pesquisa da Unicamp (Foto: BBC)
Casca de coco pode ser usada em geradores de energia urbanos, diz pesquisa da Unicamp (Foto: BBC)

Ceasa

A Ceasa Campinas, citada no estudo do químico da Unicamp, tem uma política de aproveitamento dos resíduos. Parte dos alimentos que não são comercializados são recolhidos por uma ONG para distribuição a famílias carentes. O que não é aproveitado, vira ração animal ou vai para reciclagem.
Mesmo assim, ainda sobram muitos resíduos sem aproveitamento. Um dos objetivos da direção da Ceasa é utilizar esse material para reciclagem ou até geração de energia. Há estudos sobre a viabilidade do uso da biomassa produzida para a elaboração de um pré-projeto.