domingo, 28 de agosto de 2016

O assalto ao Estado - LUIZ CARLOS AZEDO


Correio Braziliense - 28/08

Chegar ao poder pelo voto não é um cheque em branco da sociedade pra fazer o que bem quiser, acima do bem e do mal



Amanhã, para se defender, a presidente afastada, Dilma Rousseff, subirá ao cadafalso no qual será guilhotinada, no Senado, depois de três dias de oitiva das testemunhas de defesa e acusação, na qual se digladiariam os senadores que permanecem fiéis à presidente afastada e, digamos, seus algozes do PMDB e outros ex-aliados, além da antiga oposição, liderada pelo PSDB. Seu infortúnio acabará provavelmente na quarta-feira, quando será cassada, se, antes disso, não renunciar num gesto espetacular, para não legitimar o julgamento.

Em meio ao bate-boca das excelências, que se arrasta há meses, há duas lógicas: de um lado, a intenção das forças antipetistas de dar posse definitiva ao vice-presidente interino, Michel Temer, e assumir o poder até 2018; de outro, o mise-en-scene petista para sustentar a narrativa do “golpe de estado” e dela sair como vítima, para não ter que assumir a responsabilidade principal pela crise econômica, política e ética que assombra o país. No mérito do processo de impeachment, porém, está o respeito à Lei Orçamentária da União e à Lei de Responsabilidade Fiscal, que é tratada, às vezes, como uma coisa banal.

A derrocada do governo Dilma Rousseff está associada ao assalto ao Estado pelo PT e seus aliados. Chegaram ao poder pelo voto, mas não com um cheque em branco da sociedade para fazer o que bem quisessem, acima do bem e do mal. Esse foi o recado que receberam, das ruas em 2013, e não foi ouvido; e em 2015, quando se deu o engajamento popular na campanha do impeachment. Houve um assalto ao Estado em dois sentidos: primeiro, o aparelhamento do governo por meio da ocupação de milhares de cargos comissionados, tanto na administração direta, como na indireta, inclusive estatais, de forma fisiológica e clientelística; segundo, o sistemático desvio de recursos públicos para financiamento eleitoral e formação de patrimônio pessoal, via superfaturamento de obras e serviços. Veremos o que Dilma Rousseff tem a dizer sobre isso amanhã, no seu jus esperneandis.

Os aliados de Dilma Rousseff não estão nem aí para as consequências do desrespeito à Lei Orçamentária e à Lei de Responsabilidade Fiscal, que tratam como meras formalidades. A aprovação do deficit fiscal de R$ 170,5 bilhões em 2016 pelo Congresso, para permitir que o governo Temer possa gastar mais do que arrecada enquanto não consegue aprovar o “ajuste fiscal”, de certa forma corrobora essa banalização. Dilma e o PT não assumem a responsabilidade sobre o desastre econômico que provocaram ao gastar mais do que o governo arrecada e acreditam que o Estado brasileiro pode tudo. Na verdade, alguns ex-aliados que permanecem no poder sob a liderança do PMDB, quanto a isso, não pensam muito diferente. Talvez seja essa a razão de a discussão no Senado ser polarizada pelos petistas e pela antiga oposição.

Desastre nacional


Os resultados do “assalto ao Estado”, porém, são auto-explicativos. Queda de 16% do PIB per capita entre 2013 e 2016, isto é, de R$ 30,5 mil para R$ 25,7 mil por ano. Aumento do desemprego de 6,4% para 11,2%, com a demissão de 12 milhões de trabalhadores. A pior recessão da história: já chega a 6%. A Grande Recessão de 1929-1933 foi de 5,3%; a de 1980 a 1983, 6,3%; e a de 1989 a1992, 3,4%.

A crise fiscal é devastadora, por causa da elevação dos gastos públicos e da queda de arrecadação: sem a reforma da Previdência, o deficit fiscal subirá de R$ 145 bilhões para R$ 200 bilhões. Aumentar os impostos não é uma solução razoável. A dívida pública chegará a 70% do PIB ao final do ano.

É nesse ambiente que Dilma Rousseff está sendo julgada, por causa das “pedaladas fiscais”. Nada a ver com a Operação Lava-Jato, que desnuda os mecanismos do outro assalto ao poder ao qual nos referimos lá no começo. Parece kafkiano, mas não é. A presidente Dilma Rousseff está bastante enrolada por causa das investigações sobre o caixa dois de suas campanhas eleitorais de 2010 e 2014, mas não pode ser investigada por fatos anteriores ao exercício do atual mandato, de acordo com a Constituição. A mesma que permite sua cassação ao não zelar pelo Orçamento da União.

Com a cassação de seu mandato pelo Senado, Dilma poderá passar por dissabores semelhantes ao do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava-Jato, que acaba de ser indiciado pela Polícia Federal por causa do triplex de Guarujá. Mesmo assim, o líder petista pretende comparecer ao Senado amanhã para prestigiar a presidente afastada.

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Vã tentativa de abater a Escola sem Partido


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No artigo "Escola deve ser sem partido mas também sem igreja", Demétrio Magnoli só acerta no título e na constatação de que o sistema de ensino foi sequestrado por partidos, organizações e professores de esquerda. Erra em tudo mais.
Erra ao afirmar que a proposta do movimento Escola sem Partido -tornar obrigatória a afixação, nas salas de aula do ensino fundamental e médio, de um cartaz com os deveres do professor- representa uma "intervenção estatal explícita" nas relações entre professor e aluno.
Na verdade, e surpreende que Magnoli não se dê conta desse fato, parecendo acreditar no caráter voluntário daquelas relações, o ensino obrigatório é que é uma gigantesca intervenção estatal na vida dos indivíduos e de suas famílias.
O projeto apenas explicita os marcos jurídicos dessa intervenção, e o faz para proteger os direitos da parte mais fraca, como determina o artigo 70 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente): "É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente".
Erra ao dizer que a presença do cartaz nas salas de aula "contaminaria as relações entre alunos e professores". Essas relações foram contaminadas no momento em que estudantes passaram a ser vistos como matéria-prima a ser transformada e utilizada segundo as necessidades da luta pelo poder. O objetivo do cartaz é impedir que isso aconteça, com informações sobre os limites éticos e jurídicos da atividade docente. Isso é apenas cidadania.
Erra quando tenta desqualificar o item 4 dos deveres do professor: "ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa, as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria". Magnoli argumenta que "a escola não existe para cotejar as contraditórias 'respostas certas' a temas desse tipo". Existe, sim; não só para isso, obviamente, mas também para isso.
Erra ao imaginar que o referido dever exigiria o cotejo entre a teoria da evolução e o criacionismo. Nada disso. São hipóteses que não concorrem na mesma categoria. A intervenção estatal se limita ao campo da ciência. Em todo caso, o projeto também proíbe que o professor se aproveite desse assunto para ridicularizar a crença dos alunos no relato bíblico da criação.
Erra triplamente na crítica ao item 5 do cartaz, segundo o qual "o professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções". Primeiro, erra ao supor que esse dever estaria sendo criado pelo projeto Escola sem Partido, quando já existe por força do artigo 12 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, à qual o Brasil aderiu em 1992.
Segundo, ao afirmar que essa regra "proporcionaria um 'direito de veto' à família mais tradicionalista". Nada mais equivocado: pela letra do dispositivo, a menos tradicionalista das famílias também desfrutaria -ou melhor, já desfruta- do mesmo "direito de veto".
Terceiro, ao considerar que a promoção dos direitos humanos, como a igualdade entre homens e mulheres e o respeito a diferentes orientações sexuais, possa ser feita com sacrifício dos próprios direitos humanos: a liberdade de consciência e de crença dos estudantes e o direito dos pais de que seus filhos recebam a educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
Erra, por fim, ao dizer que "a fúria dos militantes políticos irriga as sementes de uma fúria simétrica". Não existe fúria simétrica. O que existe é a premente necessidade de assegurar o respeito à Constituição Federal nessas diminutas frações do território nacional que são as salas de aula.
MIGUEL NAGIB, advogado, procurador do Estado de São Paulo, é fundador e coordenador do Movimento Escola sem Partido
PARTICIPAÇÃO
Para colaborar, basta enviar e-mail para debates@grupofolha.com.br

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA

EFICIÊNCIA ENERGÉTICA 
CONGRESSO BRASILEIRO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA RECEBE PROJETOS DE ESTUDANTES PARA CONCURSO


Com o objetivo de estimular os alunos a desenvolverem Projetos de Eficiência Energética, bem como conhecer e divulgar propostas de soluções inovadoras na área de energia, a organização do 13º COBEE – Congresso Brasileiro de Eficiência Energética, evento que acontecerá em São Paulo nos dias 30 e 31 de agosto, no Centro de Convenções Frei Caneca, está lançando o concurso cultural “Melhores projetos de eficiência energética”. O concurso destina-se aos estudantes de instituições de ensino superior (graduação, pós-graduação, mestrado e outros). Os  três melhores trabalhos selecionados receberão placas de premiação, sendo que o vencedor terá um espaço de 20 minutos para apresentar o seu projeto no 13º COBEE. A Unicamp é apoiadora do evento.

Mais detalhes na página eletrônica http://www.cobee.com.br/

- Tabela com informações das áreas de atuação do Ministério das Comunicações, por unidade da federação.

INDICADORES ESTADUAIS
Estado: Brasil
Municípios: 5.570
População: 202.485.753
                       
TELECOMUNICAÇÕES
Internet * janeiro/2010 abril/2016 Δ
Acessos de Internet Banda Larga (Fixa+3G+4G) 23.074.797 209.882.307 810%
Densidade Internet Banda Larga (acessos por 100 hab) (A) 12,1% 103,7% 757%
Acessos de Internet Banda Larga Fixa 12.491.817 25.885.236 107%
Densidade Domiciliar de Banda Larga Fixa (acessos por 100 domicílios) (A) 21,8% 38,6% 77%
Acessos de Internet Banda Larga Móvel (3G + 4G) 10.582.980 183.997.071 1639%
Densidade Banda Larga Móvel (acessos por 100 hab) (A) 5,5% 90,9% 1538%
Acessos de 3G 10.582.980 149.114.952 1309%
Densidade 3G (acessos por 100 hab) (A) 5,5% 73,6% 1227%
Acessos de 4G (1) 0 34.882.119 -
Densidade 4G (acessos por 100 hab) (A) 0,0% 17,2% -
Acessos de Internet Móvel M2M (1) 1.603.853 11.638.284 626%
Municípios cobertos por Internet Banda Barga 3G 659 4.330 557%
Municípios com Oferta de Banda Larga dos Termos de Compromisso do PNBL**   0 5.376 -
Telefonia* janeiro/2010 abril/2016 Δ
Acessos Fixos Em Serviço 41.476.252 43.164.404 4%
Densidade Domiciliar de Acessos Fixos em Serviço (acessos por 100 domicílios) (A) 72,4% 64,4% -11%
Acessos Móveis Ativos  170.877.849 239.351.188 40%
Densidade de Acessos Móveis Ativos (acessos por 100 hab) (A) 89,6% 118,2% 32%
TV por assinatura* janeiro/2010 abril/2016 Δ
Assinantes de TV por Assinatura  (DTH, TVC, TVA e MMDS)
(todas as tecnologias) 
7.623.389 18.908.696 148%
% de domicílios com acesso à TV por assinatura (A) 13,3% 28,2% 112%
* Fonte: Anatel  ** Fonte: Ministério das Comunicações (informações atualizadas trimestralmente)
(A) Valores relativos a habitantes e domicílios referem-se a 2014 (IBGE). Os cálculos de densidade são obtidos a partir da divisão dos acessos pelos números de residentes ou de domicílios divulgados na última PNAD (IBGE)
(1) Os terminais de dados M2M não são classificados como banda larga, mas como internet móvel 
INCLUSÃO DIGITAL*** PNAD 2012 PNAD 2013 Δ
Domicílios com computador (%) 46,39% 48,88% 5,4%
Domicílios com computador e internet (%) 40,32% 42,41% 5,2%
***Fonte: IBGE
SERVIÇOS POSTAIS**** abril/2016 Total (%)
Distritos com agências ECT 8.979 87,3%
Distritos com atendimento postal externo 8.402 81,7%
Agências com Banco Postal 6.153 50,5%
 **** Fonte: ECT
RADIODIFUSÃO abril/2016
Rádio(2)* Televisão Analógica(2)* Televisão Digital*
FM 2.148 Geradoras de TV 299 Geradoras de TV Digital consignadas 510
FM Educativa 468 Geradoras de TV Educativa 172 Retransmissoras de TV Digital consignadas 4.648
AM 1.683 Retransmissoras de TV 6.644 Geradoras de TVD com Licença provisória/ definitiva 469
OT e OC 132 Municípios com previsão de avisos de habilitação(3)** Retransmissoras de TVD com Licença provisória/ definitiva 4.312
Rádio Comunitária 4.753 Rádio Comunitária 2013 658 * Fonte: Anatel 
** Fonte: Ministério das Comunicações
(2)
Emissoras licenciadas ou com autorização provisória.
(3) Avisos constantes dos Planos de Outorga. 
Total 9.184

Ainda não há defesa do consumidor contra o poder dos algoritmos, Convergência Digital

24/08/2016 às 15:33


Escrito por: Luís Osvaldo Grossmann
Fonte: Convergência Digital

Do resultado de buscas ‘sob medida’ à inclusão deste ou daquele artigo nas ‘timelines’, o uso de algoritmos na vida conectada já passou para decisões sobre empréstimos ou sobre contratações de trabalhadores. Mas se o uso dessa ferramenta matemática se espalha com rapidez, também cresce uma aparente reação à ‘automatização’ das decisões Como destacado nesta quarta-feira, 24/08, em seminário promovido pelo NIC.br, há diferentes discussões ao redor do mundo sobre como deve ser enfrentada essa questão, se por novas regras, leis ou práticas, ou por maior transparência no próprio desenvolvimento das equações. 
 
“Os algoritmos não são só uma questão tecnologia, mas trazem associadas questões políticas, econômicas e de relações sociais. A Europa discute uma proposta de regulação, uma espécie de adaptação do direito ao esquecimento para um ‘direito à explicação’, de como um algoritmo recomenda ou rejeita um empregado, por exemplo. Nos Estados Unidos, há debates desde a criação de agência reguladora sobre o tema como de inclusão de certas características no desenvolvimento, algo como ‘fairness by design’ para que o código não cometa injustiças”, aponta o professor Virgilio Almeida, ex-secretário de políticas de informática e ex-coordenador do CGI.br.
 
Ele mesmo é co-autor, junto a Camila Araújo e Wagner Meira, todos da UFMG, de um estudo publicado no início deste mês sobre os estereótipos de beleza que também acabam absorvidos mesmo pelos algoritmos. O estudo avaliou como ferramentas de busca como Google ou Bing resultam em mulheres brancas e jovens como símbolo de beleza, enquanto mulheres negras, asiáticas ou mais velhas são consideradas feias. 
 
A partir das primeiras 50 imagens de “mulher bonita” e “mulher feia” em dúzias de versões dos motores de busca em diferentes países, o estudo submeteu as mais de 2 mil imagens coletadas a um programa (Face++) que estima idade, raça e gênero com acuidade de 90%. Como resultado, as negras foram consideradas menos atraentes em 86% dos países avaliados via Google, inclusive alguns com maioria negra, como Nigéria, Angola e no Brasil.
 
Nos EUA, 80% das imagens de ‘beleza’ foram associadas a mulheres brancas e com idade entre 19 e 28 anos. Em asiáticos como Japão e Malásia, em geral a ‘beleza’ só vai até os 23 anos.  O alerta feito no painel do VII Seminário de Proteção à Privacidade e aos Dados Pessoais é no sentido de que algoritmos são cada vez mais usados para automatizar decisões, mas carregam até mesmo os preconceitos que resultam em resultados tendenciosos. Daí os riscos inerentes a essa automação de empréstimos ou empregos, e que já chega a decisões sobre saúde. 
 
“Os algoritmos são novos meios de produção, mas são obscuros, definidos como segredos comerciais ou mesmo de Estado, com operações ilegíveis de hierarquizar e categorizar os dados. E essa obscuridade dos algoritmos fragiliza ou mesmo impede a garantia e defesa dos direitos”, diz a pesquisadora da Unicamp e da Lavits, Marta Kanashiro. 
 
Para os participantes, mesmo uma (ainda em discussão) lei de proteção dos dados pessoais não chega a garantir defesa dos usuários. Não por menos, o “remédio” até aqui mais recomendado é aprender a própria tecnologia. “O usuário precisa ser cada vez mais educado no uso das tecnologias, de forma a se aproximar cada vez mais do funcionamento técnico, portanto é necessário algum tipo de educação”, insistiu a 

Campanha do desligamento da TV analógica começa em 97 cidades do país, MiniCon


Criado em Sexta, 05 Agosto 2016 17:53 | Última atualização em Terça, 09 Agosto 2016 16:03
Capitais Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE) e municípios do entorno receberão o sinal digital em 26 de julho de 2017.
Os moradores de 97 municípios brasileiros que vão ter o sinal da TV analógica desligado em 26 de julho de 2017 já começaram a ser avisados sobre a transição para o sistema digital. A campanha de alerta inclui Belo Horizonte (MG), Salvador (BA), Recife (PE) e Fortaleza (CE), além de outras 93 cidades situadas no entorno dessas capitais.
A campanha de desligamento da TV analógica é obrigatória e começa um ano antes da implantação do sistema digital em cada município. Veja aqui o cronograma até 2018. Nesse período, quem assiste à televisão aberta pelo sinal analógico recebe avisos na tela sobre a transição do sinal, que se tornam mais frequentes à medida que a data da mudança se aproxima.
Neste início da campanha, os telespectadores começam a ver um logotipo na tela de TV com a letra "A". Este símbolo indica que o sinal da TV é analógico. Além disso, tarjas informativas sobre o desligamento serão inseridas durante a programação. Cartelas informativas começarão a ser exibidas 180 dias antes do prazo final e vídeos informativos, com 75 dias de antecedência.
As pessoas que visualizarem o "A" e a tarja em suas telas devem tomar algumas providências para continuar assistindo a TV aberta no formato digital. Se a televisão é antiga, daquelas grandes, de tubo, será preciso adquirir um conversor digital e, possivelmente, uma antena apropriada até a data de desligamento do sinal analógico para garantir a recepção do sinal digital.
A campanha do desligamento está sendo conduzida pela "Seja Digital" (EAD – Associação Administradora de Processo de Redistribuição e Digitalização de Canais TV e RTV), responsável por operacionalizar a migração do sinal analógico para digital da televisão aberta no Brasil. Criada por determinação da Anatel, a EAD oferece suporte didático, desenvolve campanhas de comunicação e de mobilização social e distribui kits com conversores digitais e antenas para as famílias cadastradas em programas sociais do governo federal.
Em caso de dúvidas sobre o processo de desligamento, o cidadão poderá obter informações em uma página da Seja Digital na internet (www.sejadigital.com.br) ou entrar em contato gratuitamente com uma central de atendimento telefônico, pelo número 147.
Cronograma
A implantação do sistema de TV digital no Brasil teve início em março deste ano pelo município goiano de Rio Verde, sede do teste-piloto do desligamento. De acordo com o cronograma definido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), até 2018 o sinal da TV analógica será desligado em todas as capitais, regiões metropolitanas e cidades em que seja necessário liberar a faixa de 700 MHz. Essa faixa de frequência será usada pelas operadoras de telefonia para expandir o serviço de quarta geração da telefonia móvel, o 4G.
A TV Digital oferece uma série de melhorias em relação ao sinal analógico. A transmissão possui qualidade superior de imagem e de som. Além disso, conta com recursos interativos. Por meio do sinal digital, o telespectador pode teracesso a conteúdos adicionais como informações de bastidores, galerias de imagens do programa, ofertas de produtos relacionados, previsão do tempo e serviços.
Agrupamento Salvador (BA): Aratuípe, Cairu, Camaçari, Candeias, Dias D'Ávila, Itaparica, Jaguaripe, Lauro de Freitas, Madre de Deus, Maragogipe, Nazaré, Salinas da Margarida, Salvador, Santo Amaro, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passé, Saubara, Simões Filho, Terra Nova e Vera Cruz.
Agrupamento Fortaleza (CE): Aquiraz, Beberibe, Cascavel, Caucaia, Eusébio, Fortaleza, Guaiúba, Horizonte, Itaitinga, Maracanaú, Maranguape, Pacajus, Pacatuba, Pindoretama e São Gonçalo do Amarante.
Agrupamento Juazeiro do Norte (CE): Barbalha, Caririaçu, Crato, Juazeiro do Norte e Missão Velha.
Agrupamento Sobral (CE): Forquilha, Massapê, Santana do Acaraú e Sobral.
Agrupamento Belo Horizonte (MG): Araçaí, Baldim, Belo Horizonte, Betim, Brumadinho, Cachoeira da Prata, Caeté, Capim Branco, Confins, Contagem, Esmeraldas, Florestal, Fortuna de Minas, Funilândia, Ibirité, Igarapé, Inhaúma, Itaúna, Jequitibá, Juatuba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Matozinhos, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Prudente de Morais, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Sabará, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa, São José da Varginha, Sarzedo, Sete Lagoas, Taquaraçu de Minas e Vespasiano.
Agrupamento Recife (PE): Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Itapissuma, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista, Recife e São Lourenço da Mata.

WhatsApp altera termos de serviço para 'colaborar' com Facebook, OESP


A partir de hoje, rede social terá acesso a telefones informados pelos usuários para sugerir amigos e personalizar anúncios; recurso pode ser desligado pelo usuário
25/08/2016 | 08h07
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 Por Claudia Tozetto - O Estado de S.Paulo
O aplicativo de mensagens instantâneas WhatsApp anunciou nesta quinta-feira, 25, uma grande mudança em seus termos de serviço e em sua política de privacidade. O novo texto torna oficial o compartilhamento dos dados cadastrais dos usuários do serviço -- que incluem o número do celular, além do número de identificação, sistema operacional e resolução da tela do dispositivo utilizado para acessar o serviço -- com o Facebook. A rede social mais popular do mundo adquiriu o WhatsApp em fevereiro de 2014 por US$ 19 bilhões. 
A colaboração entre os dois serviços vai permitir que, a partir de agora, o Facebook utilize o número de celular e o número de identificação do aparelho para conectar as contas dos usuários nos dois serviços. É possível desligar o compartilhamento, o que impede que as informações sejam usadas pela rede social. Na prática, a integração significa que, se o usuário não informou o número de seu celular no Facebook, a rede social será capaz de usar o número cadastrado no WhatsApp para localizar e sugerir pessoas que o usuário conheça.
Novo texto torna oficial o compartilhamento dos dados cadastrais dos usuários
Além disso, essas informações serão usadas pelo Facebook para melhorar a precisão de seus anúncios. Um comerciante que usa a rede social, por exemplo, poderá informar ao Facebook o número dos celulares de sua base de clientes e, então, a rede social poderá mostrar uma peça de publicidade especificamente para os usuários que cadastraram aqueles celulares em sua contas -- seja no Facebook ou no WhatsApp.
Segundo o diretor de comunicação global do WhatsApp, Matt Steinfield, o Facebook não terá acesso às mensagens, fotos e vídeos enviados e recebidos pelo usuário por meio do aplicativo de mensagens instantâneas. Essas informações sãocriptografadas de ponta a ponta pelo aplicativo -- o que significa que são codificadas antes de sair do dispositivo e só podem ser lidas pelo destinatário, impedindo que o próprio WhatsApp (ou o Facebook) leia as mensagens. Informações como a localização ou frequência de uso não são armazenadas pelo serviço e, por isso, não serão compartilhadas.
A integração das contas entre os dois serviços -- que continuam a operar de maneira independente -- também deve ajudar as empresas a combater aqueles que usam as plataformas para enviar mensagens indesejadas, o popular "spam". Caso o Facebook identifique que o usuário que cadastrou um determinado celular está usando a plataforma de forma indevida, isso permitirá localizar mais rapidamente se ele está fazendo o mesmo no WhatsApp.
É a primeira vez em quatro anos que o WhatsApp anuncia uma mudança em seus termos de uso e em sua política de privacidade. Embora o texto tenha ficado mais claro, ele também ficou mais longo, com quase 37% mais palavras que o anterior. A partir de hoje, os usuários verão um aviso sobre a mudança nos termos e é preciso ler e aceitar as novas condições para continuar a usar o serviço. Segundo o WhatsApp, os usuários terão 30 dias para decidir se aceitam as condições -- aqueles que não concordarem não poderão mais utilizar o serviço.
Próximo passo. Outro aspecto importante da mudança nos termos de uso do serviço se refere ao primeiro passo do WhatsApp para tornar o serviço rentável. Atualmente, o serviço não tem receita, uma vez que não cobra pelo acesso dos usuários, mas também não exibe publicidade de terceiros dentro do aplicativo. Segundo o WhatsApp, nos próximos meses, a empresa vai começar a testar novas ferramentas que serão oferecidas à empresas. O objetivo será intermediar a comunicação entre marcas e seus consumidores, algo que já acontece dentro do aplicativo de maneira informal.
Ainda não há uma data para o lançamento dos primeiros recursos para empresas. "Nós precisávamos alterar os termos de uso antes", disse Steinfield. "Porque até agora não permitíamos que as empresas usassem o serviço." A restrição tem levado a empresa a excluir do serviço diversos números de celulares usados por empresas para distribuir propagandas -- até mesmo veículos de comunicação que passaram a usar o serviço para distribuição de notícias têm sido bloqueados pela rede social.
Nos novos termos de uso, a empresa dá algumas dicas de como o WhatsApp para empresas vai funcionar e tudo indica que será de forma bastante parecida com o Facebook Messenger. A empresa afirma que "irá explorar novas maneiras para que as pessoas possam se comunicar com empresas no WhatsApp". Entre os exemplos citados, a companhia afirma que o usuário poderá receber alertas sobre entrega de pedidos, informações do status de voo ou um recibo de um produto que adquiriu.
Ao que parece, algumas dessas informações poderão ser enviadas não por pessoas, mas por robôs virtuais que vão se comunicar com os consumidores por meio dos aplicativos de mensagens. O movimento é óbvio uma vez que o Facebook já desenvolveu a tecnologia para seu mensageiro e diversas empresas -- que vão de operadoras de telecomunicações a companhias aéreas -- já desenvolveram robôs específicos para interagir com os clientes por meio da rede social.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Jornalismo, Por Geneton

“Toda atividade - seja qual for - precisa de um lema, uma bandeira, um slogan. O meu poderia ser qualquer outro, mas é : “Fazer jornalismo é produzir memória”. O jornalismo pode ser útil, então. Pode jogar luzes sobre o passado. Por que não? .
É preciso ter convicção. Pois bem: posso estar errado, mas acredito que fazer jornalismo é olhar o mundo, os fatos, os personagens e as histórias com os olhos de uma criança que estivesse vendo tudo pela primeira vez; somente assim, o Jornalismo será vívido,interessante, inquieto - não este monstro burocrático,chato e cinzento que nos assusta tanto;
fazer Jornalismo é saber que existirá sempre uma maneira atraente de contar o que se viu e ouviu;
fazer Jornalismo é ter a certeza de que não existe assunto esgotado. Há fatos a explicar sobre 1964, por exemplo; tudo pode ser revirado: a crucificação de Jesus Cristo merece ser investigada. Por que não ? Jornalista não pode se deixar vencer pelo tédio destruidor - nunca;
Se um estreante perguntasse, eu diria: deixe o tédio em casa. Traga a vida das ruas para a redação. Porque, em noventa e oito por cento dos casos, o que a gente vê na vida real é mais colorido e mais arrebatador do que o que se publica nos jornais ou o que se vê na TV;
Diria também: não faça jornalismo para jornalista. Faça para o público!
Fazer jornalismo é não praticar nunca, jamais, sob hipótese alguma, a patrulhagem ideológica. Ponto. Um general - seja quem for - deve ser ouvido com tanta atenção quanto o mais renitente dos guerrilheiros. Lugar de votar é na urna. Não é na redação;
(eu disse ao general Newton Cruz: não quero parecer bom moço, jornalista vive procurando escândalo e declarações bombásticas, mas, como personagem jornalístico, o senhor me interessa tanto quanto Luís Carlos Prestes, a quem, aliás, entrevistei algumas vezes);
Por fim: fazer jornalismo é desconfiar,sempre,sempre e sempre. A lição de um editor inglês vale para todos: toda vez que estiver ouvindo um personagem - seja ele um delegado de polícia, um praticante de ioga ou um astro da música - pergunte sempre a si mesmo, intimamente : por que será que estes bastardos estão mentindo para mim?
Não existe pergunta melhor”.
Geneton Moraes Neto / 1956 - 2016

25 anos do Núcleo União Pró Tietê, Por João Lara Mesquita OESP



A história que vou contar é abusada de bons exemplos. Um súbito espaço de grandeza envolvendo milhares de pessoas. Grandes empresários, políticos, estudantes, artistas, gente pobre e humilde deram-se as mãos.
Aconteceu em São Paulo e resultou em extraordinária vitória da opinião pública ou, como preferem publicitários, “um case”, como dizem polidamente em inglês. Eu, na época diretor da Eldorado, tive o privilégio de viver os bastidores desse raro acontecimento.
Foi assim: estávamos lançando a Nova Eldorado AM, eu acabava de contratar um chefe de redação, Marco Antônio Gomes. Pedi que evitasse pautas repetitivas. “Minha rádio” não seria mais uma a “requentar notícia de jornal”. Pouco depois, uma lista de reportagens foi apresentada. Uma sobressaiu pela ousadia. A ideia era demonstrar, de forma criativa, a importância de praticar cidadania. Estávamos havia cinco anos da redemocratização. Era 1990, nossa democracia engatinhava. De lambuja, o programa tinha uma pegada ecológica que atiçaria o brio de São Paulo.
“Encontro de rios” foi ao ar em agosto de 1990, com distintos objetivos: reforçar o credo que a sociedade tem o direito de pressionar seus governantes e lembrar ao público, então encantado com a novidade do movimento ambiental, que debaixo de nossos narizes havia uma vergonha.
Foi um programa bem pensado. Uma equipe da BBC, com quem tínhamos parceria, navegaria pelo Tâmisa enquanto uma dupla de repórteres da Eldorado faria o mesmo no Tietê. E trocariam informações.
Durante as três horas de transmissão, o repórter da BBC contou de protestos dos londrinos que, desde o século 19, apelidaram o Tâmisa de “O Grande Fedor”. E relembrou seguidos protestos, até o governo inglês começar o longo trabalho de despoluição.
Enquanto isso, desviando de ilhas de lixo do Tietê, os repórteres Rosely Tardelli e Antônio Sabino descreviam cenas macabras: animais mortos boiando, o cheiro fétido que emanava do rio; o aspecto gelatinoso da água, de tão pegajoso, dificultava o avanço do barco. E o improvável aconteceu. O recado, subliminar, foi amplamente assimilado: dependeria de nós.
Nas semanas seguintes eu passava os dias, atônito, atendendo ouvintes que “queriam participar da campanha”. Ligavam, mandavam faxes, iam pessoalmente à emissora. O movimento, que tinha tudo para murchar, inflou. Em 23 de setembro o Estadãodeu em manchete: Campanha por rio ganha a cidade. Em qualquer lugar o assunto era um só: como fomos capazes de tamanha degradação.
Senti a força que pairava no ar e corri a pedir ajuda. A mais respeitada ONG, a SOS Mata Atlântica, era presidida por meu irmão Rodrigo Lara Mesquita. Procurei-o. Eu não entendia de despoluição, mas não podia perder aquele momento mágico, de união por uma causa justa. Rodrigo convocou João Paulo Capobianco, que ouviu meu relato e pediu tempo.
Dias depois ele apresentou o plano: criariam um núcleo com equipe própria para cuidar do rio. Mas eu tinha de arranjar o dinheiro que o financiasse por três anos até que, com vida própria, alcançasse capacidade de sobrevivência. Demorou, mas um ano depois consegui US$ 350 mil, do Unibanco, que quitavam a conta. Foi a maior doação para a causa ambiental até então. A essa altura, o sonho dos ouvintes se tornara de todos.
Capobianco chamou um biólogo para chefiar o núcleo, “um craque em mobilização”. Seu nome, Mário Mantovani. O Núcleo União Pró Tietê foi apresentado em agosto de 1991, agitando. Reuniões em praça pública, palestras, shows musicais em benefício da causa, projetos de educação ambiental. A campanha pegava fogo. A garotada da redação, em primeiro emprego, se extasiava com a repercussão.
Um abaixo-assinado começou a correr, ideia de Mantovani, e surpreendeu outra vez. Empresas, entidades de classe, funcionários públicos, escolas, passavam as listas entre seus pares. Em 1993, com 1,2 milhão de assinaturas, e 124 volumes, ele foi entregue ao governador do Estado, Antônio Fleury.
O governo respondeu criando o Projeto Tietê e iniciando reformas na estação de tratamento de esgotos de Barueri. Para aproveitar, Fleury dizia que o rio ficaria limpo em seu governo, o que era desmentido pelo Núcleo. Obra dessa magnitude não se presta à demagogia. Exige tempo. E muito investimento.
Em 1995 Mário Covas foi eleito. E o recado da opinião pública, respeitado; assim, pela primeira vez na história, uma obra iniciada em governo anterior teve continuidade. Covas revisou o projeto, criou três fases. A primeira, para a construção e manutenção de estações de tratamento. Na segunda seriam feitos gigantescos interceptores para levar o esgoto até as estações; e coletores troncos para levar o esgoto dos bairros aos interceptores. Na terceira interligariam as casas aos coletores troncos. E investiu pesadamente.
Covas deixou o governo, em razão de um câncer, em 2001. Assumiu o vice, Geraldo Alckmin, e mais uma vez a obra prosseguiu.
Passados 25 anos, o Núcleo está vivo, praticando cidadania; fiscalizando, cobrando o governo.
Mais de US$ 3,5 bilhões foram investidos, na maior obra de saneamento já feita no País. A mancha de poluição recuou 160 km. Chegava a Barra Bonita, a 260 km de São Paulo. Está em Salto, a 100 km da capital. E a região metropolitana atingiu 90% de coleta de esgotos, melhorando a vida de 19 milhões de pessoas.
Ainda há muito a fazer. A Sabesp calcula outros 25 anos de trabalho; e aponta o lixo jogado nas ruas, ligações clandestinas, poluição, as fezes de cachorros e bitucas, atirados nas ruas, como problemas a serem eliminados. Ainda nos falta educação.
Mas o programa da Eldorado gerou a maior obra de saneamento jamais feita no Brasil. E uma competente ONG.
Parabéns, pelos 25 anos, Núcleo União Pró Tietê; e viva! aos ouvintes da Nova Eldorado AM. Que o sonho que vivemos siga inspirando.
*Diretor da Eldorado de 1982 a 2003, e mantenedor do site www.marsemfim.com.br. e-mail: jlmesquita@terra.com.br