domingo, 29 de março de 2015

Enchentes continuarão se SP não voltar a reter água da chuva, por Álvaro Rodrigues dos Santos


Especial para o UOL28/03/201506h00
As enchentes têm se repetido de forma devastadora nesse ano de 2015 em São Paulo. Vidas, patrimônios, a saúde e o cotidiano de milhões de cidadãos são, a cada chuva de verão, consumidos em águas pútridas e lamacentas de forma trágica.
E, basicamente, não se observa nenhuma reação do governo e da sociedade, nada além de um noticiário repetitivo, frio e burocrático de alguns órgãos de imprensa. Preferimos imaginar que tal desgraça é impossível de ser vencida? Ou, diante da insensibilidade dos governos, acabar aceitando, cabisbaixos, tal nível de violência e desrespeito às nossas vidas?
Onde estão os resultados de um programa de combate às enchentes que investiu bilhões de reais em medidas estruturais, como de ampliação da calha do Tietê? Onde está a construção de dezenas de piscinões, insalubres e deletérios, apresentados como a panacéia que daria fim às inundações?
Piscinões esses, vale ressaltar, que implicaram no comprometimento anual de vultosas verbas públicas, retiradas dos orçamentos estaduais e municipais, que garantissem a manutenção mínima de todo esse aparato hidráulico.
O que falta, além do sacrifício da população, para que o governo paulista se convença do total fracasso de sua estratégia de enfrentamento das enchentes urbanas?
O que falta para o governo paulista se convencer definitivamente que é fundamental que se ataque as causas das enchentes, e que a principal causa desse fenômeno está no fato da cidade impermeável lançar praticamente todas suas águas de chuva rápida e diretamente sobre um sistema de drenagem que não lhes consegue dar a devida vazão?
Ou seja, o que falta para o governo paulista se convencer que não haverá sucesso possível na redução das enchentes enquanto não forem paralelamente implantadas medidas voltadas a fazer com que a cidade recupere sua capacidade de reter boa parte das águas de chuva e, concomitantemente, impor uma drástica redução aos processos erosivos/assoreadores e ao lançamento irregular de lixo urbano e entulho da construção civil?
As enchentes diminuiriam drasticamente com ações simples, como disseminação de bosques florestados por toda a cidade; obrigatoriedade e estímulo para instalação de reservatórios domésticos e empresariais de águas de chuva; obrigação da adoção de pisos e pavimentos drenantes em pátios, estacionamentos e calçadas; instalação generalizada de valetas e poços de infiltração; criminalização da erosão etc.
As medidas indispensáveis apontadas, e que inexplicavelmente não são implementadas, são todas medidas de baixo custo relativo e de fácil execução.
Em adição, essas medidas colaborariam, em muito, para a alimentação das reservas de água subterrânea da cidade. Aliás, é de se indagar: paradoxalmente estaria aí o motivo de sua incompreensível não adoção?
Vale por fim dizer que, infelizmente, o conteúdo desse artigo é inteiramente válido para muitas outras cidades brasileiras que são afetadas pelo mesmo e trágico fenômeno das enchentes urbanas.
Álvaro Rodrigues dos Santos
72 anos, é geólogo formado pela USP, pesquisador sênior pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), autor de 'Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções' (PINI) e consultor em geologia, geotecnia e meio ambiente

Geól. Álvaro Rodrigues dos Santos
ARS Geologia Ltda.
Tel: (55) 11 - 3722 1455
Cel: 11 – 99752 6768

Lençol freático, o melhor reservatório para águas de chuva


publicado em 26 de março de 2015 às 07:19

por Álvaro Rodrigues dos Santos, especial para o Viomundo 

Esses tempos de crise hídrica em vários regiões e centros urbanos do país tem virtuosamente servido a um despertar de leigos e especialistas para certos aspectos de ordem hidrológica que somente não se destacaram antes porque nessas mesmas regiões que hoje sofrem com a falta do recurso hídrico predominava uma certa cultura da bonança hídrica, no âmbito da qual era inimaginável uma circunstância de escassez grave e prolongada.

O absurdo das perdas de água nas canalizações de distribuição, o enorme desperdício por parte os usuários finais, a criminosa poluição das águas urbanas, o desmatamento generalizado dos mananciais, a perda quase total do volume hídrico de chuvas ocasionais, compõem alguns desses paradoxos e aberrações.

No caso específico do melhor aproveitamento das águas de chuva o país pode, a partir dessas constatações, dar um enorme salto de qualidade em um período de tempo razoavelmente curto, com resultado fantástico para o balanço hídrico de suas cidades. Até porque em regiões como São Paulo, e especialmente em épocas como as de crise hídrica, como a atual, choca-nos testemunhar o enorme desperdício de boa água quando de chuvas torrenciais urbanas. É um paradoxo, como uma cidade em crise hídrica pode permitir que tal caudal de água boa se esvaia pelo sistema de drenagem sem um mínimo aproveitamento?

Precisamos distinguir nesse caso dois tipos de aproveitamento de águas de chuva: o direto e o indireto.

Sobre o armazenamento direto, não há dúvida que os reservatórios domésticos e empresariais de águas de chuva para usos mais brutos, como lavagem de pisos internos, praças, arruamentos, autos, regas de vegetação, descargas sanitárias, operações em caldeiras e processos industriais, etc. em muito aliviariam o sistema público de oferta de água tratada potável. Pode-se inclusive pensar em grandes reservatórios urbanos subterrâneos implantados em áreas urbanas circunscritas, nas quais, pelo tipo e consolidação da urbanização presente, o grau de contaminação das águas de escoamento superficial fosse mais baixo e tolerável. O piscinão do Pacaembu, na cidade de São Paulo, seria um bom exemplo. Essas águas passariam por algum mínimo tratamento local e poderiam após ser utilizadas para vários fins que não exigissem sua potabilidade.

Mas há também a excepcional e esquecida possibilidade de armazenamento indireto, ou seja, armazenamento da água de chuva devidamente infiltrada no solo e acumulada nas camadas que compõem o substrato geológico das cidades; em outras palavras a água subterrânea. É conhecida a propriedade das cidades em impermeabilizar os terrenos e impedir a infiltração das águas de chuva, lançando-as rápida e diretamente nos sistemas de drenagem superficial, que ao fim, através de córregos e rios as conduzem e levam para fora do município. Se, através de uma série de dispositivos, como os próprios reservatórios domésticos e empresariais aliados à capacidade de infiltração, a disseminação de bosques florestados, a obrigatoriedade de adoção de pisos e pavimentos drenantes, etc., a cidade aumentar sua capacidade de infiltrar águas de chuva estaremos “abastecendo” o grande reservatório subterrâneo com milhões de metros cúbicos de boa água; a ser retirada e aproveitada através da instalação de uma rede de poços profundos. Essa alternativa ainda trará uma enorme colaboração na redução de riscos de enchentes urbanas.

Nisso tudo está, obviamente, envolvida uma questão de mudança de cultura e muito esforço educativo. Não há o que esperar, mãos à obra.

Geólogo Álvaro Rodrigues dos Santos (santosalvaro@uol.com.br) é consultor em Geologia de Engenharia e Geotecnia e ex-Diretor de Planejamento e Gestão do IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Autor dos livros “Geologia de Engenharia: Conceitos, Método e Prática”, “A Grande Barreira da Serra do Mar”, “Diálogos Geológicos”, “Cubatão”, “Enchentes e Deslizamentos: Causas e Soluções”, “Manual Básico para elaboração e uso da Carta Geotécnica”.

Dengue faz morador evitar até visita a parente em São Paulo


O surto de dengue em São Paulo tirou a população da rotina. Desentendimentos entre vizinhos, famílias separadas, visitas "apavoradas" ao pronto-socorro e roupas de inverno no calor são alguns dos "sintomas sociais" que a doença causou.
Em Sorocaba (SP), são tantos casos que moradores desconfiam, por engano, que a dengue seja contagiosa (leia na pág. C3). No Estado, já são 80.283 casos e 70 mortes. Em todo o ano passado, foram 197 mil casos e 90 mortes. Considerando o país todo, o número de infectados até março subiu 162% em relação ao mesmo período de 2014.
O empresário Jorge Pereira, 31, de Osasco (Grande SP), procura se proteger, mas a vizinhança não colabora. Gastou R$ 400 em calha e tampa para a caixa-d'água do vizinho, seu amigo de infância.
Mas ele fez corpo mole. "Tinha até rato no quintal. Batemos boca várias vezes", contou. A situação só se resolveu quando o amigo se mudou.
O cabeleireiro Tiago Lopes, 28, e o sócio, César Oliveira, 38, perderam um cliente, que contraiu a doença e acusou o salão de criadouro de Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue.
Localizado em um dos bairros mais afetados da capital paulista, a Brasilândia (zona norte), o salão foi dedetizado, mas continuou com insetos. "São preto e branco, com cara de mal e tudo", descreve Lopes, segurando uma raquete elétrica de matar pernilongo, em referência às cores do Aedes aegypti.
Zanone Fraissat/Folhapress
SAO PAULO/SP-BRASIL,26/03/15 - Thiago Lopes, Cabelereiro no bairro da Brasilandia, muda seu comportamento por causa da dengue, ele agora trabalha com uma raquete eletrica sempre ao seu lado, para matar mosquitos.(Foto: Zanone Fraissat / FOLHAPRESS/COTIDIANO) ORG XMIT: AGEN1503261555539040
Tiago Lopes, Cabelereiro no bairro da Brasilandia, muda seu comportamento por causa da dengue
No caso da costureira Idalina Chagas, 58, quem se afastou foi a filha. Idalina mora num terreno com seis casas na Brasilândia. Onze moradores estão com a doença.
A modelista Suzete Chagas, 36, está com "muito medo" de visitar a mãe. A filha de três anos está com suspeita de dengue. "É triste, né?", desabafou a costureira.
O comerciante Nelson Fernandes, 68, de Osasco, tem pressão alta. Há 15 dias, teve dores de cabeça e no corpo e ficou apavorado. "Me mandei para o pronto-socorro. Melhor tirar a dúvida." Deu negativo.
O comerciante Antônio Serafim, 39, teve dengue no Carnaval e passou a usar calça, camisa de manga comprida e tênis dentro de casa, no Mandaqui (zona norte), faça frio ou faça calor.
Dez alunos deixaram de frequentar a autoescola de Ronaldo de Souza, 47, morador de Pirituba (zona norte), porque contraíram dengue. O proprietário, a afilhada, o pai, um vigia e uma faxineira tiveram a doença.
A dona de casa Marize Florêncio, 61, está obcecada. "Espio tudo da janela: o toldo do vizinho, as pocinhas na rua."
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Seis reações de moradores à dengue:
1. A modelista Suzete Chagas, 36, tem evitado visitar a mãe, que mora em um terreno na Brasilândia (zona norte) onde onze moradores estão com dengue.
2. O empresário Jorge Pereira, 31, de Osasco (Grande SP), acabou se desentendendo com o vizinho depois de gastar R$ 400 em tampa de caixa d'água para o amigo de infância.
3. O cabeleireiro Tiago Lopes, 28, dedetizou seu salão, mas não escapou dos pernilongos. Vive com uma raquete mata-mosquito a postos.
4. O comerciante Antônio Serafim, 39, passou a usar calça, camisa de manga comprida e tênis dentro de casa, no Mandaqui (zona norte), faça frio ou faça calor.
5. A dona de casa Marize Florêncio, 61, passou a espiar pela janela o comportamento do vizinho, se sua calha acumulou água e se o toldo está molhado.
6. Moradores passaram a fazer visitas a postos de saúde, a qualquer indício de dengue. O comerciante Nelson Fernandes, 68, de Osasco, acordou com dores de cabeça e no corpo e foi para o pronto-socorro. Os exames deram negativo. 

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Acabou-se a festa do Carf - ELIO GASPARI


FOLHA DE SP - 29/03

A Polícia Federal pegou a quadrilha que resolvia litígios tributários do andar de cima na burocracia da Fazenda


Junto com a blitz da Polícia Federal em cima da quadrilha que operava no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf, vem uma boa notícia: ao contrário do que sucedeu na Lava Jato, na qual a Petrobras e as empreiteiras relutavam em colaborar com a investigação, desta vez há centenas de auditores da Receita querendo contar o que sabem, o que provam e o que denunciam há anos.

Através dos tempos e com outros nomes, o Carf é uma espécie de instância especial para grandes vítimas da Receita. Um lambari apanhado na malha fina acha melhor pagar do que discutir. Uma grande empresa recorre e acaba no Carf. Lá, seu recurso é julgado por turmas presididas por servidores da Fazenda e compostas por três outros servidores, mais três representantes do sindicalismo patronal. Nenhum outro país digno de menção tem um sistema semelhante.

No Carf tramitam 105 mil processos com R$ 520 bilhões em autuações contestadas. A porca torce o rabo quando auditores viram consultores e ligam-se a escritórios de advocacia que militam junto ao Conselho. A PF já achou 70 processos com desfechos suspeitos. Nove extinguiram cobranças que iam a R$ 6 bilhões. Se procurarem direito acharão cinco cobranças que valiam R$ 10 bilhões e viraram pó. Na casa de um conselheiro acharam R$ 800 mil em dinheiro vivo. (Há alguns anos, na casa de um auditor da Receita, acharam uma máquina de contar dinheiro.)

O Carf tem uma caixa preta. É impossível obter dele algumas estatísticas simples: quantos recursos são apreciados? Quantos são acolhidos e quantos são rejeitados? Quantos são os recursos aceitos nas faixas de até R$ 10 milhões, R$ 100 milhões e acima de R$ 1 bilhão? Diversas tentativas, até mesmo em pedidos de informações de parlamentares, bateram num muro de silêncio. Quais foram os cinco maiores recursos negados? E os concedidos? Tudo isso pode ser feito sem revelar o nome dos contribuintes. O Ministério da Fazenda informou que "se forem constatados vícios nas decisões" do Conselho "elas serão revistas nos termos da lei". Seria possível o contrário?

Os contubérnios vêm de longe. Durante o mandarinato do doutor Guido Mantega eles foram combatidos e gente séria estima que, se a taxa de malandragens era de 70%, hoje estaria em 30%. Ainda assim, a operação da PF poderá transformar a Lava Jato num trocado. O prejuízo da Viúva pode chegar a algo como R$ 19 bilhões. Enquanto as petrorroubalheiras envolviam obras, essas são exemplos de pura corrupção, com o dinheiro indo do sonegador para o larápio, e mais nada. Uma autuação de R$ 100 milhões era quitada por fora ao preço de R$ 10 milhões.

Nesse tipo de malfeito não há partidos políticos nem doações de campanha, legais ou ilegais. Só há bolsos. Empresas de consultoria e escritórios de advocacia que julgavam ter descoberto o caminho das pedras precisam procurar bons defensores.

RECORDAR É VIVER

Na hora em que a Polícia Federal foi em cima das malandragens praticadas no Conselho Administra-tivo de Recursos Fiscais, é justo recordar que, nos anos Quinhentos, os índios caetés não comeram só o bispo Pero Fernandes Sardinha. Eles traçaram também o provedor-mor da Fazenda, Antonio Cardoso de Barros, o homem dos impostos.

MUSEU DO MORO

Num benefício lateral da Lava Jato, o juiz Sergio Moro prestou uma colaboração à política nacional de museus.

Faz tempo, primeiro cuida-se da construção do prédio, contratando a empreiteira. Depois, cuida-se do acervo. Disso resulta que no Rio estão sendo construídos dois novos museus, mas o da Cidade está fechado desde 2011.

Moro, que botou empreiteiros na cadeia, apreendeu mais de 200 obras de arte nas casas de maganos (131 só com o petrocomissário Renato Duque). Formou primeiro o acervo.

RENAN E CUNHA

Muita gente boa acha que, no fundo, Renan Calheiros e Eduardo Cunha merecem uma indulgência plenária por estarem azucrinando a vida do PT.

O partido da dupla, o PMDB, blindou o versátil Fernando Baiano para que a CPI da Petrobras não o ouvisse. Ele está na cadeia, acusado de ser o operador do partido na Petrobras.

Renan e Cunha nada poderão fazer por ele junto ao juiz Sergio Moro.

MAUS VENTOS

Um velho marinheiro ensina: "Se você está em alto mar e sente cheiro de bosta de vaca, corra para um porto. No mar não tem vaca, isso é prenúncio de tempestade."

O comissariado petista que estuda a estratégia para a próxima eleição municipal está sentindo cheiro de bosta de vaca.

SALVEM A FORTALEZA DA LAJE

Uma licitação mutretada jogou luz sobre um atentado ao patrimônio histórico do Rio de Janeiro. O Exército pretendia arrendar por vinte anos a Fortaleza da Laje, aquele calombo rochoso que fica na entrada da barra da baía da Guanabara, entre o Pão de Açúcar e a Fortaleza de Santa Cruz.

Desde os tempos coloniais a fortaleza foi uma das principais peças para a defesa da cidade. Usada como prisão, nela trancaram José Bonifácio e o poeta Olavo Bilac. Na crise da renúncia de Jânio Quadros, em 1961, humilharam o general Henrique Lott mandando-o para lá. Depois da deposição do presidente João Goulart, o almirante Cândido Aragão, que comandara os fuzileiros navais, lá foi mantido incomunicável por várias semanas.

O Exército cuida bem de alguns sítios históricos, como o Forte de Copacabana e a Fortaleza de Santa Cruz. Nesse caso, patrocinaria uma monstruosidade, pois tratava-se de construir um apêndice-restaurante no calombo de 6 mil metros quadrados, desfigurando-lhe a silhueta. Algo como escavar um buraco no Pão de Açúcar para receber uma casa noturna. Pelas artes dos piratas, o projeto obteve o beneplácito do Instituto do Patrimônio Histórico. Há alguns anos, numa instância preliminar, o Iphan atendeu ao então Super-Eike Batista e aprovou a construção de um centro de convenções na Marina da Glória. O projeto era amparado pelo prefeito Eduardo Paes. Felizmente, os santos que defendem o Rio fizeram com que Eike e seu mafuá fossem à lona e com que caducasse a licença para o restaurante da fortaleza.

Do jeito que estão as coisas, o monstrengo parece ter sido arquivado, mas não custa ao Exército anunciar que, em nome de José Bonifácio, Olavo Bilac e Lott, não desfigurará a entrada da barra.

Como ensinou a poeta americana Elizabeth Bishop, que viveu na cidade durante o século passado: "O Rio não é uma cidade maravilhosa. É apenas um cenário maravilhoso para uma cidade". Ao longo dos últimos 450 anos, foram poucos os administradores que ajudaram a preservar o cenário.

O ajuste refugado - CELSO MING


O ESTADÃO - 29/03

Em geral, quem é contra qualquer forma de ajuste se agarra ao discurso eleitoral da presidente Dilma, que se baseava no diagnóstico, em que nem mesmo ela acreditava, de que não havia nada de errado na economia brasileira


Há os que são contra o ajuste da economia colocado em marcha pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e há os que são até a favor de algum ajuste, mas contra “este ajuste concentrado sobre a população mais pobre”.

O líder do Movimento dos Sem-Terra, João Pedro Stédile, por exemplo, fez essa cobrança no dia 20, na presença da presidente Dilma, em Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul, quando também exigia mais humildade dos ministros: “Quem tem de pagar a conta não são os trabalhadores. São os ricos e os milionários”.

Esta é outra ideia errada. Insistir com ela prejudica principalmente os mais pobres. Em geral, quem é contra qualquer forma de ajuste se agarra ao discurso eleitoral da presidente Dilma, que se baseava no diagnóstico, em que nem mesmo ela acreditava, de que não havia nada de errado na economia brasileira. O que havia de errado, dizia ela, não passava de algum impacto da crise externa e de efeitos da estiagem. Nessas condições, não haveria o que ajustar; era só ter paciência e esperar pelo refluxo natural da crise externa e… pelas chuvas.

A outra afirmação, de que o ajuste está sendo descarregado apenas sobre a população pobre e não sobre os ricos, pelo menos reconhece que a economia vai mal e que precisa de conserto. Mas a afirmação de que os pobres estão sendo esfolados mais do que os “coxinhas que marcham nas manifestações e batem panela” contém graves equívocos.

O primeiro deles é o de que a política anterior estava certa, na medida em que teria beneficiado a população mais pobre, porque criou emprego e distribuiu renda. A farra anterior que esmerilhou as contas públicas e puxou a inflação para perto dos 8% ao ano criou, sim, certo emprego e distribuiu renda, mas não se baseou em políticas sustentáveis que garantissem a continuidade do emprego e da distribuição de renda.

A necessidade de dispensa de pessoal em consequência da recessão e o salto da inflação mostram que a política anterior estava errada do ponto de vista de quem pretendia a criação permanente de empregos e da renda.

Quando concentra o ajuste no combate à inflação e às distorções da economia, o governo não está apenas repassando a conta da crise para a população. Está recriando condições para que os moedores de renda do trabalhador sejam desativados. Portanto, a política correta de ajuste é a política que dá sustentação ao crescimento da renda e do emprego.

Outro equívoco está em pregar políticas que apenas, aparentemente, se concentrariam no confisco de renda daqueles mais ricos. Imposto sobre Grandes Fortunas, por exemplo, é um falso instrumento de distribuição de renda. Onde ainda funciona, exige um aparato de administração que custa mais do que arrecada. E tende a provocar fuga de capitais, o que não interessa a ninguém.

Para ter um mínimo de eficácia fiscal, o aumento do Imposto de Renda das faixas superiores não esfolaria os mais ricos; esfolaria a classe média. Mas quem pensa binariamente, como bom e mau ou rico e pobre, não consegue ver a importância crescente das classes médias. Nem se deu conta de que o setor de serviços no Brasil ultrapassou os 71% do PIB (veja o Confira).

CONFIRA:



O gráfico acima mostra como se distribui a pizza do PIB entre os principais setores da economia.

A indústria emagreceu
A novidade é a de que o setor de serviços já corresponde a 71,0% do PIB. Há apenas três anos (em 2011), era de apenas 67,7% do PIB. Enquanto isso, a indústria, que levava uma fatia de 27,2% em 2011, emagreceu para 23,4% em 2014.

Economia de serviços
Ou seja, para todos os efeitos, o Brasil tem de começar a se assumir como uma grande economia de serviços.

A arte de furtar o povo - SACHA CALMON

CORREIO BRAZILIENSE - 29/03

Desde os romanos pão e circo têm sido a fórmula para angariar o apoio da plebe. Os maquiavéis da esquerda latino-americana, conforme o livro de Vargas Llossa sobre o perfil do perfeito idiota sul-americano, usam a mesma estratégia: acusam os ricos pela situação dos pobres. Passam a lhes dar migalhas para incluí-los numa suposta sociedade solidária. Com a ajuda de parte dos ricos, moralmente desfibrados e corruptos, aparelham o Estado para eternizarem-se no poder. O caso da Petrobras é emblemático. Somos, majoritariamente, um povo humilde, crédulo e desinformado, governado por incompetentes.

A Petrobras, em 12/12/2014, valia R$ 127 bilhões. Hoje, menos até do que o valor de quando Lula chegou ao poder. Entram em cena a má gestão e as opções de modelos de exploração inexequíveis, feitos mais pela ganância estatizante do que pela reflexão criativa. Vários são os motivos, todos por culpa dos governos Lula e Dilma, que abateram a maior empresa de petróleo e gás da América Latina.

Primeiro - Desde a posse de Dilma, no primeiro mandato, com a tese de nova matriz econômica, os preços administrados (tarifas de energia, telefonia, transportes, petróleo, gás e combustíveis) foram comprimidos para não aumentar a inflação causada pelo aumento dos salários acima da produtividade da mão de obra, pela inundação de crédito a juros baixos e pelos gastos imoderados do governo. A Petrobras perdeu R$ 68 bilhões (quebra de caixa) comprando no exterior mais caro e vendendo no país mais barato.

Segundo - Fez investimentos desastrosos em lugares não recomendados, mormente em refinarias, com sobrepreços de R$ 62 bilhões (Pasadena, Rio, Recife).

Terceiro - Com o argumento de incentivar a indústria brasileira, comprou equipamentos e serviços nacionais 30% a 40% mais caros, menos eficientes e entregues em prazo maior do que os de fornecedores no exterior. Cálculos de empresas especializadas indicam atraso na exploração do pré-sal, numa época em que o petróleo estava acima de U$ 120 (hoje está em R$ 50 o barril, a inviabilizar o custo do pré-sal).

Quarto - O modelo de exploração (partilha, com recebimento em óleo e participação obrigatória da Petrobras em 30% em todos os poços) elevou o endividamento da empresa. Com a subida da moeda norte-americana, a Petrobras viu a dívida subir R$ 48 bilhões nos últimos três meses.

Quinto - Durante os últimos cinco anos, foram pouquíssimas as áreas licitadas, impedindo que parceiros nacionais e internacionais se apresentassem nos leilões, perfurassem o fundo do oceano e retirassem mais petróleo e gás, justamente numa época em que o petróleo estava caro e o risco do pré-sal era considerado baixo (as reservas existem). Esses parceiros não se interessam mais em atuar no Brasil. De nada vale ter reservas se não temos dinheiro para investir, nem parceiros, nem preço que compense. O modelo deve mudar ou a Petrobras afunda de vez, a menos que o governo aporte socorro superior a R$ 100 bilhões para saldar dívidas e fazer investimento. Mas, nesse caso, a dívida pública subirá para 70% do PIB e o Brasil perderá o grau de investimento.

Sexto - Falta de gestão e corrupção, dois lados de uma só moeda. Da graça para a desgraça bastaram 12 anos de PT. O custo, ninguém sabe ao certo. Todavia, a dívida da empresa supera R$ 261,45 bilhões, a maior do mundo no setor.

O saudoso Tancredo Neves tinha razão: "Toda vez que o PT teve que escolher entre seus interesses e os do Brasil, escolheu a si próprio". O impedimento da presidente inepta, a ponto de ser tutelada por um Ministro (e que lhe fazia oposição), está na ordem do dia.

O afundamento da Petrobras vem do somatório dos erros políticos, gerenciais e estratégicos dos governos do PT. De um lado distribuem dinheiro a mancheia (Bolsa Família e Minha Casa, Minha Vida), de outro sugam o dinheiro da sociedade. Chamam a isso de corrupção endêmica e institucional. Só para remarcar, a Petrobras nunca foi do povo. Pertence aos acionistas. Quem não tem ação não é proprietário. O seu mal é ser do governo que lhe retira dinheiro em vez de petróleo.

A má gestão da Petrobras piorou depois da Lava-Jato. A corrupção, a que foi para o bolso de terceiros, é uma ninharia. Os contratos revistos é praxe de mercado. A estatal valeu-se do escândalo para não pagar a ninguém. A cadeia econômica do petróleo e gás, sem receber, está sendo destruída (10% do PIB), gerando desemprego e erosão de mais de 230 empresas antes saudáveis.

Enquanto não for privatizada, o país continuará a sofrer. Que se faça como na Noruega, ao menos isso. Cada norueguês é acionista, junto com o governo que administra um fundo soberano. A empresa de exploração de petróleo é administrada por um conselho de experts do setor privado. Se não der lucro, o governo substitui a governança.

Quase glacial - MÍRIAM LEITÃO, (definitivo)


O GLOBO - 29/03

Será longo o inverno. Nós o atravessaremos com nossa alma tropical duvidando do sol. Mas ele voltará. Durante a travessia, vamos conviver com inflação alta, notícia de desemprego, recessão e todos os efeitos em cadeia da maior operação de combate à corrupção já vista no Brasil. O governo se desfaz rápido demais para início de mandato, e sua base política foge da fraqueza exposta.

Na economia, o inverno será o segundo ano de estagnação, no qual a atividade descerá um degrau a mais. O crescimento zero este ano seria o melhor cenário, mas nem o Banco Central acredita mais nele. O magro 0,1% de 2014 não configura crescimento, mas livrou o governo da feia palavra recessão estampada nos jornais. Dela, entretanto, não escapará de novo. O país tolera não crescer, mas detesta inflação alta. Quando os dois incômodos aparecem juntos, o desconforto econômico cresce. Ninguém gosta. A certa altura, procurarão um culpado, e o remédio será acusado de provocar a doença. Será um erro de análise, mas ele já está sendo incentivado pelo partido do governo, onde o conhecimento de teoria econômica é, em geral, raso. Os dedos apontarão cada vez mais para a equipe econômica, como sendo ela a causadora dos males que foram contratados no mandato passado.

Ainda estamos no outono, mas não parece. As empresas já começaram a fechar algumas janelas. Investimentos são suspensos, cancelados, empréstimos não são concedidos, as taxas cobradas pelos credores sobem, empresas preferem não correr riscos. Um ambiente assim é quase glacial. Exceto pela temperatura literal que permanece lembrando, em certos momentos do dia, o verão escaldante e seco que tivemos no Sudeste e Nordeste.

Mesmo em momentos invernais, é preciso pensar na volta do sol, porque quem corta demais não se prepara para aproveitar as oportunidades quando elas aparecem. Mas este é o tempo mais difícil de tomar decisões. Cortar parece sensato. A partir de um determinado ponto, no entanto, é contrassenso.

Na política, o ambiente é de fuga em massa, como se o centro do poder fosse não o que é, mas um meteorito que caiu ameaçando arrastar quem se aproxima dele. Isso sempre acontece nas crises. O poder atrai; a perda do poder afugenta. O inesperado é a fraqueza visitar o governo em início de mandato. A situação pode ser superada, mas é preciso que a crise diminua ao entrar no palácio. Não tem ocorrido isso. Hoje, quando a crise entra no centro do governo, ela encontra um vazio de pessoas e ideias e sai de lá ainda mais forte.

Nesse clima, não se pode escalar o técnico da economia para enfrentar os desencontros do campo político. Esse corpo a corpo tem que ser entregue aos articuladores políticos. Eles desapareceram. Foram incompetentes, erraram muito ou foram neutralizados pela briga intestina no núcleo do poder sobre quem é o melhor para o papel. O poder emagreceu a olhos vistos.

Os tremores do combate à corrupção continuarão atraindo todos os olhos. Eles provocarão um efeito dominó na economia. A Petrobras permanece perdida em seu labirinto contábil. Com medo de errar, suspende contratos, que atinge empresas, que não recebem empréstimos, os bancos têm que fazer provisão e vão reclamar seu quinhão às seguradoras. Algumas empresas aproveitarão para se dizer vítimas do tratamento contra a doença da corrupção, quando na verdade elas eram insustentáveis sem os vícios que dominaram a economia. Qualquer generalização é perigosa. Há empresas saudáveis e outras dependentes crônicas das formas escusas de se fazer negócios que se propagou pelo país. Talvez o ano separe os grupos. Mas todos sofrerão com os tremores. O importante para se guiar no meio da confusão é não perder o norte: o combate à corrupção é o tratamento indispensável para haver uma economia mais forte no futuro.

Os ventos frios virão dos quatro cantos. A inflação reduzirá renda, as crises nas empresas aumentarão o desemprego, a correção dos erros passados reduzirá o gasto público, a fragmentação da base de sustentação do governo alimentará a incerteza em todos os cantos. Por isso tudo comecei dizendo aqui que será longo o inverno. Mas nossa alma tropical precisa ser informada de que o sol voltará.

Procurador diz que Lava Jato detectou corrupção em outros órgãos públicos, no G1


‘A maior parte das investigações ainda está por vir’, disse membro do MP.
Coordenador de força-tarefa, Dallagnol foi entrevistado por Miriam Leitão.

Do G1, em Brasília, e do G1 Rio
O procurador do Ministério Público Federal (MPF) e coordenador da força-tarefa criada para a Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, afirmou durante entrevista à jornalista Miriam Leitão, exibida nesta quinta-feira (26) na GloboNews, que há informações de que a corrupção ultrapassa a Petrobras e atinge outros órgãos públicos.
“Temos informações - informações de inteligência, por enquanto - de que a corrupção, ela está alastrada também para outros órgãos públicos. Isso nos traz uma preocupação muito grande, não só de buscar punição, responsabilização integral de quem cometeu esses crimes, mas também de mudar nosso ambiente”, disse Dallagnol.
“Nós temos informação de que isso [corrupção em outros órgãos] acontece. Aliás, muitas pessoas já diziam isso antes", completou. O procurador também que no atual modelo de trabalho do Ministério Público estão sendo oferecidos pacotes de acusações com tudo o que está sendo apurado pela Operação Lava Jato.

"Nós temos trabalhado com prioridades. E oferecido pacotes de acusações. Nós temos buscado focar para produzir resultados. Porque todo mundo que quer abraçar o mundo acaba não abraçando ninguém", disse.

De acordo com Dallagnol, ainda há novas etapas das investigações "por vir". "Certamente, a maior parte das investigações ainda está por vir. Existem muitas coisas que ainda estão em processo de investigação. A investigação é como a apuração de qualquer coisa na nossa vida. Você busca descobrir se algo aconteceu, começa a coletar evidencias e informações para chegar a uma conclusão."

O procurador também lembrou que a investigação que identificou corrupção na maior estatal brasileira só chegou à Petrobras porque foram apuradas as apurações de um esquema que envolvia, inicialmente, quatro doleiros. “Se tivéssemos focado apenas no que nós tínhamos, já teríamos parado lá atrás. Ainda não conseguimos fechar todas as pontas da investigação em relação àquelas quatro organizações criminosas", declarou.

"Foi interessante porque, no começo, tínhamos informações sobre quatro doleiros de quatro organizações criminosas. A partir de um e-mail entre Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef, começamos a investigar Petrobras”, completou.
Temos informações - informações de inteligência, por enquanto - de que a corrupção, ela está alastrada também para outros órgãos públicos. Isso nos traz uma preocupação muito grande, não só de buscar punição, responsabilização integral de quem cometeu esses crimes, mas também de mudar nosso ambiente"
Deltan Dallagnol, coordenador da
forçatarefa da Operação Lava Jato
Esforço conjunto
Sobre as delações premiadas, Dallagnol afirmou que foi criado um efeito “bola de neve” de acordo de colaboração, o que fez com que as pessoas entregassem uma as outras. “A corrupção é um crime muito difícil de ser apurado, porque acontece entre quatro paredes. As pessoas têm um código de silêncio. Elas não querem perder o benefício que ganharam com o ato corrupto e não querem ser punidas”.
Segundo ele, o sucesso da Lava Jato só aconteceu devido ao esforço conjunto da Polícia Federal, Receita Federal e Ministério Público Federal, além da atuação do Poder Judiciário. “Houve quase que uma conspiração para que essa operação desse tão certo."
Sobre o pacote de medidas anticorrupção sugeridas pelo Ministério Público no último dia 20, ele ressaltou que as 10 medidas anunciadas se basearam, em grande parte, nos três pilares criados por Hong Kong, que já liderou a lista de corrupção mundial e conseguiu diminuir os índices.

'Quem rouba milhões mata milhões'
A primeira medida do pacote se baseia na prevenção da corrupção, pois, segundo ele, a cultura de corrupção se combate com educação e conscientização. As outras medidas têm como objetivo principal tornar a corrupção um crime de alto risco. “A punição da corrupção no Brasil é uma piada de mau gosto”. 
De acordo com o procurador, tornar o pagamento de propina crime hediondo, conforme propõe o pacote, é uma importante mudança para coibir a corrupção. “É um crime racional (pagamento de propina). Isso (a medida) toma por base que a corrupção rouba a comida, o remédio e a escola do brasileiro. Quem rouba milhões mata milhões”, afirmou Dallagnol.

O procurador ainda defendeu uma mudança legislativa para que casos penais, que demoram de 10 a 15 anos, não prescrevam. “A Lava Jato pode se estender por vários anos. O quanto isso vai demorar depende de uma série de fatores”, afirmou o coordenador da força-tarefa, destacando que é possível mudar o cenário atual. “Se o brasileiro acha que não temos saída, existe uma luz e vamos fazer a nossa parte.”


sábado, 28 de março de 2015

Renato Janine Ribeiro será o novo Ministro da Educação


Professor de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo, Ribeiro substituirá o ex-governador do Ceará Cid Gomes

Agência Brasilredação@brasileconomico.com.br
A Presidência da República anunciou nesta sexta-feira que o filósofo e professor Renato Janine Ribeiro será o novo ministro da Educação. Ribeiro ocupará a vaga deixada por Cid Gomes na semana passada, depois que o então ministro acusou deputados de seremachacadores e oportunistas.
O novo ministro da Educação é professor titular de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo (USP) e especialista na obra do filósofo inglês Thomas Hobbes, sobre quem focou suas pesquisas de mestrado e doutorado. Sobre o filósofo, Ribeiro publicou os livros A Marca do Leviatã e Ao Leitor Sem Medo.
Ribeiro escreveu ainda ensaios sobre filosofia política focando a realidade brasileira. Ele venceu o Prêmio Jabuti em 2001 com a obra A Sociedade Contra o Social: O Alto Custo da Vida Pública no Brasil. O filósofo tem ainda publicações que tratam de democracia, da relação da universidade com a sociedade e sobre a forma de fazer política em geral. Ao todo Ribeiro tem 18 livros editados, além de ensaios e artigos em publicações científicas.
No serviço público, além de ter sido aprovado no concurso para professor da USP, Janine atuou como membro do Conselho Deliberativo do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) (1993-1997), do conselho da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) (1997-1999), secretário da SBPC (1999-2001) e diretor de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) (2004-2008). Além disso, foi membro do Conselho Deliberativo do Instituto de Estudos Avançados da USP e é membro do Conselho Superior de Estudos Avançados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), segundo informações do Palácio do Planalto.
Ribeiro fez mestrado na Université Paris 1 Pantheon-Sorbonne, doutorado pela USP e pós-doutorado pela British Library. O novo ministro foi convidado hoje pela presidenta Dilma Rousseff para assumir o cargo e tomará posse no dia 6 de abril.

Mais da metade da população vive em 294 arranjos formados por contiguidade urbana e por deslocamentos para trabalho e estudo

Mais da metade da população vive em 294 arranjos formados por contiguidade urbana e por deslocamentos para trabalho e estudo

Mais da metade da população no Brasil (55,9%) residia, em 2010, em municípios que formavam os arranjos populacionais, ou seja, agrupamentos de dois ou mais municípios com forte integração populacional, devido aos movimentos pendulares para trabalho ou estudo, ou à contiguidade entre manchas urbanas. Isso representava 106,8 milhões de pessoas em 294 arranjos, formados por 938 municípios. Deslocavam-se, entre os municípios do próprio arranjo a que pertencem, 7,4 milhões de pessoas, por motivo de trabalho e/ou estudo. Levando-se em conta que 27 arranjos são fronteiriços, ou seja, formados também por unidades político-administrativas em outros países, o número de residentes totalizava 107,7 milhões.
É o que revela o estudo “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil”, que mostra, ainda, o Sudeste com o maior número de arranjos (112), que englobam 72,0% da população da região (57,8 milhões) e o Norte com o menor número (17), envolvendo 23,5% da população local (3,7 milhões). Manaus (AM), Campo Grande (MS) e Palmas (TO) são as únicas capitais estaduais que não formam arranjos populacionais. As cinco maiores concentrações urbanas eram “São Paulo/SP” (19,6 milhões de habitantes), “Rio de Janeiro/RJ” (11,9 milhões), “Belo Horizonte/MG” (4,7 milhões), “Recife/PE” (3,7 milhões) e “Porto Alegre/RS” (3,6 milhões).
As concentrações urbanas se caracterizam por forte deslocamento para trabalho e estudo entre seus municípios. Nas duas maiores, os deslocamentos envolvem mais de 1 milhão de pessoas. É o caso de “São Paulo/SP”, com 1.752.655 pessoas se deslocando entre seus municípios, e do “Rio de Janeiro/RJ”, com 1.073.831. Os maiores fluxos ocorrem entre os municípios de Guarulhos (SP) e São Paulo (SP), Niterói (RJ) e São Gonçalo (RJ), Duque de Caxias (RJ) e Rio de Janeiro (RJ) e entre Osasco (SP) e a capital paulista.
Apesar de separados por aproximadamente 430 quilômetros de distância, o eixo Rio de Janeiro – São Paulo apresenta um movimento de 13,4 mil pessoas entre seus arranjos, 57,7% delas se deslocando somente em função do trabalho e 40,5% somente devido ao estudo. Da mesma forma, a ligação entre os arranjos de “Goiânia/GO” e “Brasília/DF” promovia um fluxo de 8,8 mil pessoas.
Além de possibilitar um maior conhecimento da realidade urbana brasileira, o estudo fornece subsídios adicionais para a elaboração de políticas públicas, assim como, estimula a parceria entre os municípios envolvidos. É possível acessar a íntegra do estudo “Arranjos Populacionais e Concentrações Urbanas do Brasil” no link abaixo:
http://www.ibge.gov.br/home/geociencias/geografia/geografia_urbana/arranjos_populacionais/default.shtm.
Os arranjos populacionais seguem o padrão da urbanização brasileira, com algumas exceções naqueles de população muito baixa. Do ponto de vista regional, trata-se de uma distribuição espacial que acompanha as metrópoles e as capitais regionais.
O Sudeste e o Sul mostravam os maiores números de arranjos (112 e 85, respectivamente) enquanto o Nordeste aparecia na terceira posição (56), seguido da região Centro-Oeste (24). Na região Norte, onde os processos de urbanização e desmembramento são menos intensos, havia um menor número de arranjos (17) e uma menor participação da população vivendo em arranjos populacionais.
No Nordeste, os arranjos populacionais localizam-se marcadamente próximos ao litoral, ainda que ocorram também no interior, principalmente vinculados a centros regionais tradicionais, como Petrolina/PE -Juazeiro/BA, Juazeiro do Norte/CE, Campina Grande/PB e Caruaru/PE.
Na região Sudeste, verifica-se que, além das metrópoles, os arranjos populacionais acompanham os grandes centros urbanos. Destacam-se em Minas Gerais, Ipatinga/MG e Juiz de Fora/MG. No Estado do Rio de Janeiro, o Litoral Norte, com Campos dos Goytacazes/RJ e Macaé/RJ, além de Volta Redonda/RJ, no Vale do Paraíba. Em São Paulo, os arranjos seguem também os principais eixos econômicos articulados pelas rodovias Presidente Dutra (São José dos Campos/SP, Taubaté/SP), Anhanguera (Campinas/SP e Ribeirão Preto/SP), Imigrantes (Baixada Santista/SP), BR-456 (“Araraquara/SP” e “São José do Rio Preto/SP”) e SP-300 (Bauru/SP).
Na região Sul, cabe destacar o padrão catarinense do litoral norte, formado por arranjos próximos uns dos outros e com população entre 350 mil e 1 milhão de habitantes, encabeçados pelas cidades de Joinville, Blumenau, Itajaí e Florianópolis. Além destas, vão formar arranjos populacionais equivalentes às cidades de Criciúma (SC), Pelotas (RS), Caxias do Sul (RS), Maringá (PR), Londrina (PR) e Foz do Iguaçu (PR). Os maiores arranjos estão associados às metrópoles de Porto Alegre e Curitiba, ambos com populações próximas a 3 milhões de habitantes.
Nas regiões Norte e Centro-Oeste, os arranjos estão ligados principalmente aos grandes núcleos urbanos (Belém, Goiânia e Brasília).
63,6% dos arranjos populacionais têm até 100 mil habitantes
Dos arranjos populacionais, 187 (63,6%) têm até 100 mil habitantes e são considerados de baixa concentração de população. Eles reúnem 8,4 milhões de habitantes (no Brasil e no exterior) e 387 municípios brasileiros, o que corresponde a 7,8% e 41,3% dos totais registrados nos arranjos populacionais, respectivamente.
Existe uma forte presença desses pequenos arranjos no entorno de capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e João Pessoa (especialmente na direção de Natal), e 75,9% deles são formados por apenas dois municípios.
Médias concentrações urbanas agrupavam 18,6% da população
As médias concentrações urbanas são municípios isolados e arranjos populacionais acima de 100 mil a 750 mil habitantes. Juntas totalizavam 35,5 milhões de residentes, o que equivalia a 18,6% da população brasileira. Assim como as grandes concentrações urbanas, possuem a urbanização como principal processo indutor da integração entre os municípios componentes, em particular com relação ao núcleo. Além disso, têm médio tamanho populacional e podem ter manchas de urbanização únicas que resultam da expansão de uma ou mais cidades.
Eram 77 municípios isolados, 81 arranjos populacionais (sendo um deles uma 1a integração de arranjo populacional, ou seja, uma integração entre arranjos), totalizando 368 municípios. Nesta faixa populacional, “São José do Rio Preto/SP” e a 1ª Integração de “Presidente Prudente/SP” eram os que possuíam mais municípios em suas composições, formados, cada um deles, por 12 municípios. Em seguida, vinham “Ipatinga/MG” e “Criciúma/SC”, com dez, e “Maringá/PR”, com nove municípios.
Dos 81 arranjos, 30 (37%) possuíam ao menos um município desmembrado após a Constituição Federal de 1988. “Criciúma/SC” é o que tinha mais municípios desmembrados, três (ou 30%). Dos arranjos com desmembramentos, 11 são formados por apenas dois municípios, ou seja, provavelmente o arranjo só existe devido ao desmembramento.
Em relação à contiguidade, 131 municípios participantes de arranjos (45%) tinham tal característica. Em “Itajaí - Balneário Camboriú/SC”, os sete municípios que o compõem formavam uma única mancha urbanizada. Neste mesmo contexto aparece “Jundiaí/SP”, com os seus seis municípios componentes formando uma única mancha urbanizada.
O maior fluxo de pessoas para trabalho e estudo foi entre Americana e Santa Bárbara d’Oeste, em São Paulo (32,5 mil pessoas), das quais 77,5% se davam em função do trabalho. Treze ligações entre municípios superaram a marca de 10 mil pessoas se deslocando, e o trabalho foi o maior motivador, com destaque para os fluxos entre Maringá e Paiçandu (PR). Algumas ligações apresentaram movimento para estudo superior a 30%: Balneário Camboriú e Itajaí (SC), com 33,3%, Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), com 31,7%, e Cabo Frio e São Pedro da Aldeia (RJ), com 30,3%.
Brasil possui 26 grandes concentrações urbanas
São consideradas grandes concentrações urbanas os arranjos populacionais acima de 750 mil habitantes e os municípios isolados (que não formam arranjos) de mesma faixa populacional. Para comparar áreas urbanas de portes semelhantes, o estudo dividiu esse grupo em três faixas distintas: acima de 750 mil a 1 milhão de habitantes; acima de 1 milhão a 2,5 milhões de habitantes; e maiores que 2,5 milhões de habitantes.

Na faixa acima de 750 mil a 1 milhão de habitantes, foram identificadas seis grandes concentrações urbanas, das quais cinco eram arranjos populacionais, com exceção de Campo Grande. Apenas “Sorocaba/SP” não é capital estadual. Havia uma heterogeneidade no número de municípios que compunha os arranjos desta faixa, pois há casos como o de “Cuiabá/MT”, que era formado por apenas dois municípios, enquanto ”Florianópolis/SC” possuía dez e “Aracaju/SE”, 12 municípios.
Os maiores fluxos de deslocamento para trabalho e estudo, internos aos arranjos, desta faixa populacional, apareciam em “Florianópolis/SC” (119,9 mil pessoas), sendo que 54,1 mil pessoas (45,2%) se movimentavam entre os municípios de Florianópolis e São José, e 20,4 mil (17,0%) entre a capital catarinense e Palhoça. O arranjo populacional de “Aracaju/SE” totalizava 93,7 mil pessoas se deslocando, das quais 49,0% (45,9 mil pessoas) o faziam entre os municípios de Aracaju e Nossa Senhora do Socorro e 29,3% (27,5 mil pessoas) entre Aracaju e São Cristóvão. Essas duas últimas ligações tinham os maiores índices de integração desta faixa populacional (0,58 e 0,70, respectivamente).
Onze concentrações urbanas têm entre 1 milhão e 2,5 milhões de habitantes
Foram identificadas 11 concentrações urbanas com população acima de 1 milhão a 2,5 milhões de habitantes, sendo quatro no Nordeste (“João Pessoa/PB”, “São Luís/MA”, “Natal/RN” e “Maceió/AL”), duas na região Norte (Manaus, no Amazonas, e “Belém/PA”), quatro no Sudeste (“Vitória/ES”, “Campinas/SP”, “Baixada Santista/SP” e 1a Integração de “São José dos Campos/SP”) e uma no Centro-Oeste (“Goiânia/GO”). Excetuando-se o estado de São Paulo, todas as concentrações urbanas desta faixa populacional tinham como núcleos capitais estaduais.
Ainda nesta faixa populacional, a concentração urbana formada pela maior quantidade de municípios era “Goiânia/GO” (12), seguida pela 1a integração do arranjo de “São José dos Campos/SP” (10) e “Maceió/AL” (9). Das 11 concentrações urbanas, nove tinham mais de 50% de seus municípios com contiguidade da mancha urbanizada, sendo que “Belém/PA”, “Baixada Santista/SP” e “São Luís/MA” formavam, cada qual, uma única mancha urbanizada que perpassava todos os municípios.
Os arranjos populacionais que possuíam os maiores volumes de pessoas, se deslocando entre municípios para trabalho e estudo, nesta faixa populacional, eram “Vitória/ES” (227,1 mil), “Goiânia/GO” (191,0 mil) e “Baixada Santista/SP” (161,2 mil). O maior fluxo entre os municípios foi registrado entre Aparecida de Goiânia e Goiânia (GO), com 122,9 mil pessoas, seguido de Ananindeua e Belém (PA), com 93,5 mil pessoas, e entre Santos e São Vicente (SP), com 64,4 mil pessoas.
O trabalho predominava como razão principal para tais deslocamentos, superando 77,0% dos fluxos.
Maiores ligações ocorrem entre Guarulhos e São Paulo
Dentre as nove concentrações urbanas de população superior à 2,5 milhões de habitantes, três escalas podem ser destacadas: aquela entre 3 milhões e 5 milhões de habitantes (“Belo Horizonte/MG”, “Recife/PE”, “Porto Alegre/RS”, “Salvador/BA”, “Brasília/DF”, “Fortaleza/CE” e “Curitiba/PR”), a do “Rio de Janeiro/RJ”, com 11.946.398, e a de “São Paulo/SP”, com 19.613.759, em 2010.
O arranjo populacional de “São Paulo/SP” concentrava 36 municípios, o maior número em todo o país, e era seguido pela 2a integração de “Porto Alegre/RS” (26) e por “Belo Horizonte/MG” (23). A contiguidade é um traço marcante, chegando a 31 dos 36 municípios em “São Paulo/SP”, processo intenso também na 2a integração de “Porto Alegre/RS”, com 19 municípios formando duas manchas de conurbação. O arranjo do “Rio de Janeiro/RJ” somava 18 municípios em uma única mancha urbanizada, o que equivalia a 85,7% de seus 21 municípios.
As duas maiores concentrações urbanas apareciam com mais de 1 milhão de pessoas se deslocando para trabalho e estudo. Em “São Paulo/SP”, as maiores ligações ocorriam entre os municípios de Guarulhos e São Paulo (146,3 mil) e entre Osasco e São Paulo (112,4 mil). No “Rio de Janeiro/RJ”, apareciam entre Niterói e São Gonçalo (120,3 mil), Duque de Caxias e Rio de Janeiro (119,0 mil) e entre Nova Iguaçu e Rio de Janeiro (109,6 mil). Ressalta-se, ainda, o número elevado de deslocamentos presentes na ligação entre a capital mineira e Contagem, com 119,6 mil, no arranjo “Belo Horizonte/MG”, e a da capital pernambucana com Jaboatão dos Guararapes, com 118,2 mil, no arranjo “Recife/PE”.
Os deslocamentos entre municípios por motivo de trabalho eram predominantes nos arranjos acima de 2,5 milhões de habitantes. Mais de ¾ dessas ligações superavam 70% dos deslocamentos para tais fins. Entretanto, algumas ligações possuíam valores superiores a 30% para estudo. No “Rio de Janeiro/RJ” tal característica é mais marcante, caso, por exemplo, das ligações entre Belford Roxo e Nova Iguaçu, em que 36,0% se deslocam apenas para estudo, 60,4% apenas para trabalho e 3,6% para trabalho e estudo.
Cerca de 2 milhões de pessoas vivem em 27 arranjos populacionais fronteiriços
Foram identificados 27 arranjos populacionais na fronteira internacional brasileira, somando aproximadamente 2,1 milhões de habitantes, 44,2% deles vivendo em países vizinhos. Destes, 16 se localizavam na região Sul, incluindo o de maior população, “Foz do Iguaçu/Brasil - Ciudad del Este/Paraguai”, com 674,7 mil habitantes (59% de estrangeiros).
O Rio Grande do Sul possuía 12 arranjos fronteiriços, que totalizam 607,5 mil pessoas (36,3% de estrangeiros). O arranjo de “Sant’Ana do Livramento/Brasil – Rivera/Uruguai” é o terceiro maior do país com 161,4 mil pessoas (48,9% de estrangeiros). As regiões Norte e Centro-Oeste possuíam 11 arranjos populacionais em conjunto, sendo cinco só no Mato Grosso do Sul.
Santa Catarina se destaca por seus arranjos populacionais litorâneos
Há também os arranjos populacionais litorâneos, voltados para atividades turísticas e de veraneio. Em geral, suas áreas urbanizadas são contíguas ou muito próximas, acompanhando a orla marítima. Em 2010, eram 49 municípios envolvidos, e apenas cinco não eram contíguos. Mas tal característica nem sempre é acompanhada por movimentos pendulares intensos para trabalho e estudo. Estes arranjos expandiram seus tecidos urbanos para atender à demanda de veraneio de grandes metrópoles próximas.
Destes, “Itajaí - Balneário Camboriú/SC” é o maior arranjo populacional, com 479 mil pessoas. Analisando-o conjuntamente com “Itapema/SC”, os dois arranjos atingem o número de 555,6 mil pessoas. Esse efetivo populacional é devido, em grande parte, à importante função portuária de Itajaí e à localização junto aos arranjos de “Blumenau/SC” e “Joinville/SC”. “Cabo Frio/RJ” e “Araruama/RJ” formam o segundo maior conjunto, com 464,2 mil pessoas.
Cidade-Região de São Paulo engloba 89 municípios, 11 arranjos e 27,4 milhões de habitantes
O arranjo populacional de "São Paulo/SP" articula-se mais intensamente aos arranjos de "Campinas/SP", "Jundiaí/SP", "Sorocaba/SP", "Baixada Santista/SP" e "São José dos Campos/SP", entre outros. Juntos, estes arranjos formam o que se qualifica como "aglomerações policêntricas ou multi-agrupadas", que cumprem múltiplas funções e potencializam a capacidade de produzir bens, prestar serviços, estabelecer parcerias e gerir recursos. Com isso, “São Paulo/SP” forma o que se chama de Cidade-Região, que engloba 89 municípios e 11 arranjos populacionais, somando 27,4 milhões de habitantes.
Eixo Rio – São Paulo tinha fluxo de 13,4 mil pessoas para trabalho e estudo em 2010
O estudo identificou alguns casos especiais de arranjos populacionais, que representam tendências ou aspectos relevantes da urbanização brasileira.
Um deles é o eixo Rio de Janeiro – São Paulo, que, apesar da grande distância entre os dois núcleos (aproximadamente 430 km), apresentava movimento de 13,4 mil pessoas em 2010. Destes, 57,7% são realizados somente por motivos de trabalho e 40,5% só devido ao estudo.
O arranjo de “Macaé – Rio das Ostras/RJ” também possui forte ligação com o do “Rio de Janeiro/RJ”, alcançando 12,8 mil pessoas, na qual 81,9% destinam-se somente a trabalho. No leste fluminense, as ligações entre o arranjo de “Macaé – Rio das Ostras/RJ” com “Cabo Frio/RJ” e com “Campos dos Goytacazes/RJ” também são significativas, superando 9 mil pessoas em cada ligação. Caso o dinamismo econômico nesta região venha a aumentar o movimento de pessoas entre estes arranjos, levará à criação de uma nova unidade urbana com mais de 1,2 milhão de habitantes.
A ligação entre “Goiânia/GO” e “Brasília/DF” possuía 8,8 mil pessoas se deslocando. Cabe ressaltar que, entre estes dois arranjos, situa-se o município de Anápolis (334,6 mil habitantes em 2010). Sua importância está no fato de que entre este município e “Goiânia/GO” existiam 6,0 mil pessoas se deslocando para trabalho e estudo em 2010, e entre ele e “Brasília/DF” 2,4 mil pessoas. Com isso, tal dinâmica poderá ser decisiva na formação de uma nova unidade urbana que unirá os arranjos de “Brasília/DF” e “Goiânia/GO”.

Comunicação Social
25 de março de 2015
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  • Monica O'Neill, Pesquisadora do IBGE, durante a coletiva dos Arranjos Populacionais
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  • Maurício Gonçalves, Pesquisador do IBGE, comenta os Arranjos Populacionais 
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