quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Reciclagem de cimento e concreto é feita com raios



POR INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Publicado em 4 de dezembro de 2012
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Milhares de caçambas trafegam todos os dias pelas grandes e pequenas cidades do mundo todo, levando para descarte milhões de toneladas de pedaços de concreto retirados de obras e demolições.

O impacto sobre o meio ambiente, e o custo das novas construções, seriam muito menores se fosse possível reciclar esse concreto.

Para se ter uma ideia do impacto das emissões de CO2 geradas pela produção de cimento, basta ver que a produção de uma tonelada de cimento libera de 650 a 700 quilogramas de dióxido de carbono.

Isto significa que de 8 a 15 por cento da emissão anual global de CO2 é devida unicamente à fabricação de concreto.

E, até hoje, não existe uma solução ideal para a reciclagem do concreto descartado.

O que existe hoje é o chamado downcycling, com a reutilização de uma parte do material em aplicações menos nobres, cuja qualidade deteriora a cada reutilização.

Reciclagem do concreto e cimento

Não satisfeito com a situação, o Dr. Volker Thome, do Instituto de Física das Construções, em Holzkirchen, na Alemanha, foi buscar inspiração em uma técnica explosiva criada por pesquisadores russos nos anos 1940.

Ele queria eliminar o maior problema de todas as tentativas feitas até agora de reciclar o concreto e o cimento: a enorme quantidade de poeira gerada na moagem do material.

Além disso, seu interesse é obter de volta as partículas de brita incorporadas no concreto, e reutilizá-las sem perda de qualidade, para o que a moagem não é uma solução adequada.

Para alcançar esses objetivos, Thome reviveu um método desenvolvido por cientistas russos na década de 1940, mas que depois foi abandonado: a fragmentação eletrodinâmica.

Esta técnica permite que concreto seja dividido em seus componentes individuais - agregado e cimento.

Força dielétrica

O método de "desmontagem" do concreto consiste em uma autêntica tempestade de raios, rompendo o concreto com descargas elétricas.

"Normalmente um raio prefere viajar através do ar ou da água, e não através de sólidos," explica Thomas. Mas, para que o raio exploda o concreto, é necessário garantir que ele atinja e penetre no aglomerado.

Mais de 70 anos atrás, cientistas russos descobriram que a força dielétrica, isto é, a resistência de um fluido ou sólido a um impulso elétrico, não é uma constante física, mas varia com a duração do raio.

"Com uma descarga extremamente curta - menos de 500 nanossegundos - a água atinge imediatamente uma força dielétrica mais alta do que a maioria dos sólidos," explica Thome.

Isto significa que, se o concreto estiver imerso em água e for atingido por uma descarga de 150 nanossegundos, o raio vai correr através do sólido, e não através da água.

Fragmentação eletrodinâmica

Esta é a essência do método.

No concreto, o raio corre ao longo do caminho de menor resistência, a fronteira entre os componentes que o formam, ou seja, entre o cascalho e o cimento.

O primeiro impulso enfraquece mecanicamente o material. Em seguida, forma-se um canal de plasma no concreto que cresce durante alguns milésimos de segundo, produzindo uma onda de pressão de dentro para fora.

"A força dessa onda de pressão é comparável com uma pequena explosão", diz Thome.

O concreto é dilacerado e dividido em seus componentes básicos, estando todos prontos para reúso.

No experimento em escala de laboratório, os pesquisadores já conseguem processar uma tonelada de resíduos de concreto por hora.

"Para trabalhar de forma eficiente, nosso objetivo é atingir um processamento de pelo menos 20 toneladas por hora," diz Thome.

Segundo ele, a expectativa é que, dentro de dois anos, o sistema possa estar operando em escala industrial, pronto para lançamento no mercado.

Asfalto vegetal pode ser a solução para estradas de terra

POR INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Publicado em 29 de janeiro de 2013
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O asfalto parece ser a melhor solução do mundo quando se é forçado a viajar por uma estrada de terra.

Mas Wilson Smith, estudante da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, defende que nenhum dos dois é o ideal: nem o asfalto é a solução para todas as estradas, e nem tampouco há que se resignar a viajar por estradas poeirentas e esburacadas.

Por isso ele decidiu trabalhar com um material de origem vegetal, na tentativa de criar uma alternativa que melhore as condições de tráfego das estradas não pavimentadas.

Smith está trabalhando com a lignina, o material que dá rigidez às células vegetais, para fazer um composto que possa dar rigidez à terra solta e aos pedregulhos das estradas vicinais.

Bioasfalto

O que torna a lignina um material particularmente valioso para essa aplicação é o seu comportamento adesivo quando é umedecida, com capacidade para agregar os materiais do solo, gerando uma coesão e criando uma espécie de "bioasfalto".

Isto torna a estrada de terra menos poeirenta, mais lisa e com uma menor necessidade de manutenção, sobretudo no período das chuvas.

A lignina está presente em todas as plantas, sendo rejeito de culturas comerciais, como no caso do bagaço da cana-de-açúcar, da palha de milho e de outros resíduos da agricultura, assim como da indústria do papel, o que a torna um material sustentável e renovável.

Depois de diversos experimentos, Smith selecionou cinco diferentes concentrações de lignina no solo, que se mostraram mais promissoras - 2%, 4%, 6% e 9% - e que agora estão sendo avaliadas na resistência da coesão do solo e, portanto, da diminuição da erosão da estrada.

Testes de campo

Com os bons resultados dos testes iniciais, a coordenadora do grupo, Dra Dunja Peric, selecionou novos estudantes para avaliar o uso do material em outras condições, o que inclui a secagem prévia e a aplicação direta da lignina no solo.

"Nós queremos fazer uma análise exaustiva de como a coesão varia quando você muda a concentração de lignina, a quantidade de água e a compactação," disse Smith. "Isso vai determinar, em estudos de campo, qual a porcentagem de lignina produz a maior estabilização do solo."

O grupo programou uma apresentação dos resultados da sua pesquisa para meados de Fevereiro, quando eles esperam fazer parcerias para os testes de campo, o que não deverá ser difícil, já que o Kansas é um estado agrícola, com quase dois terços das estradas sem pavimentação. 

Terceirização de prisões


O Estado de S.Paulo
A inauguração da primeira unidade do complexo penitenciário na região metropolitana de Belo Horizonte construída e administrada por uma parceria público-privada reacendeu a polêmica sobre a oportunidade e o alcance da terceirização de presídios no País. A controvérsia começou, no plano doutrinário, na década de 1980 e entrou na agenda política na década seguinte, quando o governo Fernando Henrique estimulou os Estados a terceirizar a gestão de estabelecimentos penais.
Segundo os dirigentes do Ministério da Justiça da época, a terceirização desburocratizaria os presídios e possibilitaria uma significativa economia de recursos, num período em que nem a União nem os Estados dispunham de recursos suficientes para investir no setor. Nesse sistema, os serviços básicos - como segurança - são de responsabilidade de empresas privadas. Nos EUA, a iniciativa privada assume total responsabilidade pela direção e gestão administrativa, financeira e disciplinar de algumas prisões. Na França, Bélgica e Holanda, empresas privadas e poder público compartilham essas funções.
No Brasil, Paraná e Pernambuco foram os primeiros Estados a adotar esse modelo, há mais de dez anos. Com o tempo, alguns Estados entregaram a gestão de algumas penitenciárias às Associações de Proteção e Assistência aos Condenados - ONGs especializadas na gestão de unidades com 60 presos de menor periculosidade e sem ligações com organizações criminosas. Essas unidades são geridas por voluntários oriundos das mesmas cidades dos condenados, o que ajuda na sua reeducação e ressocialização.
O problema desse modelo é sua escala, pequena demais face à magnitude dos problemas do sistema penitenciário, que tem um déficit de 194 mil vagas, segundo o Ministério da Justiça. Em 1994, o País dispunha de 511 presídios. Em 2009, eram 1.806. Apesar do número de presídios, cadeiões e penitenciárias ter triplicado, entre 2000 e 2009, o sistema penitenciário recebeu, em média, 65% mais presos do que as vagas disponíveis. Em 2010, as penitenciárias tinham 303.850 vagas, mas a população carcerária era de 498.500 presos. Por causa do déficit de vagas, 57.195 presos aguardavam julgamento em carceragens policiais.
Construída por um consórcio de cinco empresas, a primeira unidade do complexo penitenciário com gestão privatizada na região metropolitana de Belo Horizonte foi planejada para acolher 608 presos. A alimentação, a saúde e a educação deles ficarão por conta de um consórcio, que vai receber mensalmente do governo mineiro R$ 2,8 mil por preso, durante os próximos 27 anos. Ao justificar esse valor, as autoridades mineiras afirmam que o investimento foi alto, pois a unidade conta com duas torres de monitoramento, 300 câmeras de segurança e dispositivos para abertura e fechamento de portões e funcionamento de energia elétrica - além de oficinas de trabalho, colchões antichama, lâmpadas de baixa voltagem e paredes sem tomadas elétricas.
Esse modelo de gestão penitenciária, contudo, sempre foi criticado pelo Ministério Público, por juízes criminais e por especialistas em segurança pública. Eles alegam que a experiência não deu certo nos Estados Unidos, Japão, Itália, França e Inglaterra - entre outros motivos porque não reduziu o déficit de vagas do sistema prisional e não criou condições para a reeducação e ressocialização dos presos, submetendo-os a um tratamento desumano. Também apontam a incompatibilidade entre o regime de confinamento dos presos nas penitenciárias terceirizadas e os direitos a eles concedidos pela Lei de Execução Penal.
Nessa polêmica, os defensores do modelo afirmam que a terceirização dos presídios torna a gestão das penitenciárias mais racional, uma vez que as empresas entram numa competição para ver qual delas é a mais eficiente e lucrativa. Já os críticos lembram que, no Estado de Direito, a responsabilidade pela gestão prisional é função pública exclusiva do poder público, por envolver privação de liberdade, não podendo ser delegada a terceiros. No que têm toda a razão.

A crise da laranja


 Estado de S.Paulo
A produção de laranja, notadamente em regiões tradicionais de cultivo da fruta no Estado de São Paulo, passa por um período de transformação em consequência direta da queda do consumo do produto no mercado internacional, com reflexo nos preços. O mercado interno de suco de laranja industrializado absorve apenas 2% da produção. Cálculos da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR) indicam que o volume bruto da matéria-prima processada pela indústria para a exportação de suco de laranja caiu de 1,150 milhão de toneladas em 2011 para 1,096 milhão de toneladas em 2012, o que significa uma queda de 4,7%, equivalente a 40 milhões de caixas de laranja de 40 kg.
Essa retração pode ser atribuída, em parte, à crise na Europa, o principal mercado do produto, e à recuperação ainda fraca das economias dos EUA e do Japão. A queda é efeito também de uma progressiva mudança de hábitos de consumo nesses países. Pesquisas revelam que cada alemão hoje consome 14 litros de suco de laranja por ano, 25% menos do que há oito anos. No Japão, a retração foi de 30% e nos EUA, de 28%. Com isso, há grandes excedentes nos pomares, com muita fruta apodrecendo por falta de compradores. Em muitos casos, os produtores acabam arrendando suas terras para o cultivo de cana-de-açúcar, como relata reportagem do Estado (20/1).
Outro fator que limita os preços são os estoques existentes de suco. Apesar de o governo ter prorrogado o Lote Econômico de Compras para retenção até junho de 2014 para cerca de 311 mil toneladas, os estoques ainda são elevados. O Centro Avançado de Estudos de Economia Aplicada Esalq/USP, estima que o estoque de passagem da temporada fique em torno de 300 mil toneladas em junho de 2013, se as vendas externas e domésticas forem em média de 1,2 milhão de toneladas.
O consumo, porém, pode voltar a crescer, segundo especialistas. Uma campanha tenaz de produtores de bebidas concorrentes tem sido movida contra o suco de laranja, propagando mundo afora que o produto tem calorias demais. A indústria já preparou uma contracampanha para desmentir essa alegação e se prepara para lançá-la no mercado internacional. No mercado interno, algumas medidas já tomadas, como incluir o suco na merenda escolar, ajudam, mas é preciso também incentivar o brasileiro a tomar mais suco integral, em vez do néctar hoje mais comum, em que metade do produto é composto de água e açúcar.
Considera-se também que há necessidade de renovar os pomares, muitos dos quais têm mais de 20 anos e não recebem tratos adequados. Assim, tem sido elevada a incidência de greening, a doença mais grave das que afetam os laranjais em razão da dificuldade de controle e de sua rápida disseminação, com efeitos altamente destrutivos. A solução muitas vezes é a erradicação de pomares, mas isso também tem um custo alto. Para os produtores, é mais fácil arrendar as terras para cultivo de cana, ficando o arrendatário responsável por essa despesa.
Além disso, novas áreas têm sido abertas para o cultivo de laranja, empregando mais tecnologia, o que resulta em maior produtividade e menores custos. Como sustenta um técnico da Citrus-BR, o importante agora é não olhar para trás e encarar o futuro com base em um diálogo que abranja toda a cadeia produtiva. As disputas internas no setor são a dificuldade maior para definir uma linha de ação, afirma. As indústrias defendem o fortalecimento do Consecitrus, órgão inspirado no Consecana, do setor sucroalcooleiro, que pode servir de fórum para discussão dos problemas do setor e pelo menos amenizar os dissídios entre produtores e processadores industriais de laranja.
A ideia vem ganhando cada vez mais aceitação. O presidente do Sindicato Rural de Taquaritinga, Marco Antonio dos Santos, está organizando para breve uma reunião para convencer os produtores das vantagens do Consecitrus. O órgão, funcionando com absoluta transparência, como se pretende, pode ser "a única saída", como disse Santos, para evitar que o setor fique dependente de benesses do governo, sempre instáveis.

'Professor deve ajudar aluno a ser autodidata'


Cunhador do termo 'nativos digitais', escritor afirma que escola investe na tecnologia de maneira obsoleta

28 de janeiro de 2013 | 2h 05
Davi Lira - O Estado de S. Paulo
Dos três adjetivos associados à sua pessoa - visionário, inventivo e futurista -, talvez o primeiro seja o mais adequado para descrever o norte-americano Marc Prensky, especialista em educação e em tecnologia. Prensky é conhecido pela criação dos termos "nativos digitais", geração que nasceu durante a era digital, e "imigrantes digitais", aqueles que nasceram antes da explosão digital.
Para Marc Prensky, currículo e métodos devem ser adaptados à tecnologia - Divulgação
Divulgação
Para Marc Prensky, currículo e métodos devem ser adaptados à tecnologia
Autor de livros premiados, como o Não me atrapalhe, mãe! Estou aprendendo eAprendizagem baseada em jogos digitais, Prensky deve lançar no fim do ano sua sexta obra, que vai discutir a reformulação dos currículos ao propor mais ênfase à abordagem de habilidades voltadas ao estímulo do senso crítico, aprofundamento do pensamento, sociabilidade e relacionamento humano.
A convite da Fundação Telefônica Vivo, o escritor fará uma palestra na Campus Party 2013 (evento de inovação tecnológica) amanhã, em São Paulo. Na quinta-feira, Prensky conversou com o Estado por telefone de sua casa em Nova York.
Como o avanço da tecnologia agrava as dificuldades da educação hoje no mundo? 
Marc Prensky - A educação formal que oferecemos não é muito boa, independentemente do lugar ou da rede de ensino. Isso porque vivemos num momento onde o tempo é cada vez mais acelerado, cheio de incertezas, complexidades. A educação que nós oferecemos às nossas crianças ainda é a mesma que era oferecida no século passado.
Como adaptar a escola ao novo contexto tecnológico?
Marc Prensky - A forma como os professores ensinam é a mesma. Eles ficam em pé na frente dos alunos e apenas falam, enquanto os estudantes apenas escutam, quando escutam, e fazem anotações. São métodos velhos. O melhor método é único, é o da parceria. E há várias formas de se alcançar bons resultados quando professores e alunos trabalham como parceiros. Estudantes podem fazer suas atividades e o professor deveria estar presente como um guia, uma espécie de técnico esportivo. Essa mudança conceitual é uma forma pedagógica que está mais relacionada a esse novo contexto.
Mas como se daria efetivamente essa parceria?
Marc Prensky - Professores e alunos devem conversar. Não sobre notas, mas sobre quem eles são. E como eles fazem as coisas que fazem. Isso é a principal coisa que falta. Eles acham que são dois grupos diferentes. Eles devem se enxergar como parceiros. Como pessoas que estão trabalhando juntas buscando resolver problemas comuns. Professores precisam conhecer as paixões dos estudantes, a maneira como eles pensam e como eles aprendem. E estudantes precisam saber mais sobre os seus professores. O que eles estão tentando fazer, quais são os seus objetivos. Esse relacionamento pode continuar formal, mas numa maneira menos distante.
O senhor propõe uma revolução nos métodos educacionais?
Marc Prensky - Eu não gosto de falar em revolução. Eu prefiro falar em adaptação a um novo contexto. O aspecto tradicional da escola deve ser preservado, mas ela deve ter como norte a preparação dos alunos para o mundo.
É onde entra a tecnologia?
Marc Prensky - Parte dessa adaptação deve ser feita com a tecnologia, porque as crianças vivem na era da tecnologia. Mas isso é apenas uma parte da questão. Nós devemos deixar os estudantes fazerem coisas úteis, devem pesquisar assuntos que serão discutidos em sala, utilizando cada vez mais a tecnologia. E a função do professor seria responder às dúvidas. A outra parte tem a ver com a maneira como ensinamos. O que ensinamos para as crianças é Matemática, Línguas, Ciência e Estudos Sociais e isso não é o que deveríamos ensinar pensando no futuro.
Deveríamos reformular o currículo então? 
Marc Prensky - Sim, nós temos que mesclar as disciplinas. Mas o que eu proponho vai além disso. Nós deveríamos ensinar numa lógica de aprofundamento de habilidades de análise, pensamento, discussão, sociabilidade e relacionamento humano.
Como deve ser a postura do professor? 
Marc Prensky - Os professores devem ser como técnicos esportivos. Eles devem ser bons em fazer com que os jogadores sejam bons. O professor deve trabalhar como se fosse um guia que incentiva o aluno a ser mais autodidata.
Os professores devem ser mais tecnológicos?
Marc Prensky - Os professores não deveriam nem se aproximar da tecnologia, porque a função do professor é observar o que os estudantes fazem e ter certeza de que o que eles estão fazendo é de boa qualidade. Eles devem saber apenas as possibilidades que a tecnologia pode oferecer.
Os professores não precisariam nem se familiarizar com o assunto?
Marc Prensky - Eles devem saber que é possível que os estudantes possam se comunicar bem através de um vídeo, e a partir daí avaliar a qualidade do material produzido. Ou seja, os professores não precisam ficar preocupados com a tecnologia. Agora, existe algo que é muito estúpido. Os professores dizem: agora nós todos iremos criar uma apresentação em power point juntos. O que os professores deveriam dizer é que todos precisariam apresentar alguma coisa sobre o conteúdo específico, usando a ferramenta que eles quiserem.
Então como tornar a escola mais atraente?
Marc Prensky - Aumentaríamos o interesse de alunos se mostrássemos a eles porque estamos ensinando o que ensinamos e para quê serve tudo isso. Não damos respostas aos alunos que perguntam porque estamos aprendendo equação quadrática ou porque eles deveriam estudar, em detalhes, a história da Grécia.
Você é um entusiasta dos cursos online, como os do educador Salman Khan, que viraram uma febre na internet?
Marc Prensky - As crianças deveriam ter acesso a cursos online. Mas acho que são velhos métodos em novos formatos. A velha educação apresentada de uma maneira online. Se você quiser promover essa velha educação, tudo bem. Mas se você acha que esse método defasado é ruim, então, fazê-las num formato moderno não adicionada nada. As pessoas ainda tentam consertar um sistema defasado de maneiras diferentes como essa.
QUEM É
O nova-iorquino Marc Prensky, de 67 anos, é considerado um dos maiores especialistas na aplicação de tecnologias nas áreas de educação. Ele é formado em Matemática e Francês com especializações pelas universidades de Yale e pela Escola de Negócios de Harvard. Com passagem por Wall Street, é também criador do site Spree Games e presidente da Game2Train, que utiliza jogos no processo de aprendizagem. 

O cenário otimista para 2013, por Luis Nassif



Autor: 
 
Coluna Econômica
Nos últimos anos, sob comando do economista Otávio de Barros, o Bradesco constituiu a maior equipe de economia entre as empresas privadas brasileiras. Meticuloso com indicadores, Otávio montou um painel minucioso dos principais indicadores nacionais e internacionais, e  - o diferencial – passou a trabalhar a enorme base de clientes do banco.
A partir dessa montanha de informações, o Departamento de Economia chegou ao seguinte consenso:

O pibinho de 2012 se deveu a um conjunto inédito de fatores negativos.

Os principais fatores (que não deverão se repetir) foram:
  1. Seca no Nordeste e do sul, detonando o PIB agrícola.
  2. Crise no DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), devido aos escândalos, paralisando os investimentos em infraestrutura.
  3. A implantação abrupta de novos padrões de motores, praticamente paralisando a venda de caminhões.
  4. Endividamento do setor sucroalcooleiro, paralisando a produção de álcool.
  5. Queda brutal na produtividade da Bacia de Campos que, de repente, passou a 70% da capacidade anterior.
  6. Queda brusca das exportações para a Argentina.
  7. Os apertos do Banco Central na Selic, em 2011, somados às medidas macro prudenciais, que acabaram afetando 2012.
Tais fatores teriam “roubado”  de 0,8% a 1% do PIB.
O segundo ponto é a metodologia adotada pelo IBGE (aparentemente, em revisão). Segundo Otávio, os mesmos dados, se colocados no sistema que roda o PIB da OCDE (o grupo de países mais avançados), haveria no mínimo um ponto a mais no PIB e outro nas taxas de investimento.

Novo “normal”

Em 2013 e, especialmente em 2014, se colherão os frutos do novo padrão de política econômica implantado a partir de agosto de 2011.
O “novo normal”, na economia mundial, seria constituído dos seguintes fatores:
  1. Crescimento moderado do crédito. Moderado porque mais cuidadoso, ao contrário do porre de 2010 e 2011.
  2. Maior intervenção do Estado.
  3. Menores taxas de retorno sobre o capital.
  4. Crescimento baseado na produtividade e no investimento, e não mais no consumo.
No caso brasileiro, a posição do governo Dilma, segundo Otávio, é a do território conquistado em batalha, portanto irreversível. O “território” em questão consiste na taxa Selic civilizada, nos aportes no BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), câmbio mais competitivo, redução dos impostos, do custo de energia e dos encargos trabalhistas.
O Bradesco trabalha com uma previsão de crescimento de 3,5% do PIB. Nas últimas semanas, os rumores de racionamento de energia fizeram o mercado derrubar um pouco a projeção.

Cenário internacional

Contribui para essa previsão a situação internacional. Os Estados Unidos já completaram as quatro etapas de entrada e saída da crise; a Europa estaria no terceiro quartil. O presidente do Banco Central Europeu, Mário Draghi, teria operado uma impressionante reversão na ortodoxia, principalmente, do Bundesbank alemão. E a economia alemã já estaria refletindo essa situação.
Além disso, com a redução do risco sistêmico, a enorme injeção de liquidez na economia internacional poderá, finalmente, refletir-se na economia real.

A nova onda conservadora


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Walcyr Carrasco (Foto: reprodução)
Muita gente, diante dos discursos e posturas da deputada Myrian Rios (PSD-RJ), acha que ela é simplesmente obtusa. Discordo. A trajetória da deputada prova que burra não é. De atriz sem talento, que posou nua, tornou-se paladina da moral e dos bons costumes. Não é uma trajetória incomum. Mulheres que exibem a sensualidade muitas vezes vivem o que chamo de síndrome de Maria Madalena. Arrependem-se do passado, tornam-se defensoras dos mais rançosos princípios morais e de uma pretensa espiritualidade. É um duplo efeito da lei da gravidade: enquanto o peito cai, o espírito se eleva. Exemplo disso foi Elvira Pagã, vedete do teatro rebolado, primeira a usar biquíni na praia: na maturidade dedicou-se a pintar quadros esotéricos. Já vi acontecer muitas vezes com diabinhas menos famosas. De tão universal, botei a personagem na novela Gabriela, exibida no ano passado pela Globo. “Dorotéia”, interpretada pela atriz Laura Cardoso, não existia no romance original de Jorge Amado. Mas tinha a ver com seu universo. Era a vigilante da moral e dos bons costumes na Ilhéus dos anos 1920. Fiscalizava o comportamento das sinhás e suas filhas e denunciava qualquer transgressão. No final, descobriu-se que na juventude fora prostituta e dançava nua nos cabarés. Magnificamente interpretada por Laura, “Dorotéia” tornou-se ícone na internet, com seus comentários moralizantes.
O que leva uma pessoa a achar que tem o direito de dizer como outra deve pensar e viver?  
Conheci Myrian Rios rapidamente quando era casada com o cantor Roberto Carlos. Usava uma microssaia espantosamente curta. Mais tarde se tornou missionária e elegeu-se deputada com o apoio evangélico. Faz pouco, teve sancionada pelo governador Sérgio Cabral, do Rio de Janeiro, a lei que estabelece o “programa de resgate de valores morais, sociais, éticos e espirituais”. Ninguém sabe exatamente do que se trata esse programa. Mesmo porque a espiritualidade não é regida pelo Estado. Como Sérgio Cabral não se elegeu papa, nem é bispo evangélico ou babalorixá, nem sequer imagino o que pretenda fazer quanto à lei que sancionou. Myrian Rios foi criticada nas redes sociais. Nem é a primeira vez: no passado, insinuou que os homossexuais seriam pedófilos, provocando revolta generalizada. Mas sinto que não está sozinha nessa cruzada moralista. Uma onda conservadora assola o país. Com frequência, o discurso moral ocupa o lugar do político. Na eleição para a prefeitura em São Paulo, o então candidato e atual prefeito, Fernando Haddad (PT), foi acusado pelo candidato José Serra (PSDB) de tentar distribuir um “kit gay” quando ministro da Educação. Aliás, em 2010, o “kit gay”deixou de ser distribuído após pressão da bancada evangélica.

Há outras evidências: agressões e assassinatos de homossexuais são frequentes; surgiu um movimento contra a legalização da prostituição, proposta pelo deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ). Como se estar a favor da legalização equivalesse a defender a prostituição em si. E não somente desejar que as prostitutas tenham direitos como outros trabalhadores.

Pessoalmente, sempre fui muito próximo dos evangélicos. Meu falecido tio Domingos, irmão de minha mãe, foi pastor presbiteriano. Tive um primo missionário na África. Como cristão, aprendi a conviver com quem tem ideias diferentes das minhas. Só não acredito em impor o que a gente pensa ou agredir quem vive de forma diversa. Ultimamente surgiu o evangélico radical. Fundamentalista, que branda princípios supostamente retirados da Bíblia. Embora a doutrina cristã possa ser resumida em “Amai ao próximo como a ti mesmo”. Historicamente, o cristianismo implica abandono do “olho por olho, dente por dente” do Antigo Testamento e propõe uma sociedade mais tolerante. Mas os novos fundamentalistas querem punir, proibir. Políticos não evangélicos – incluindo os que estão em cargos de poder – obedecem, para manter coalizões. O filme Os deuses malditos, de Luchino Visconti (1969), mostra a ascensão do nazismo por meio da manipulação de uma família. Mostra os pequenos e grandes fatos que conduziram a Alemanha naquela direção. Agora, sinto um cheiro ruim de autoritarismo no ar. Há um recuo com relação a conquistas que implicavam na convivência entre os diferentes – a base da democracia, afinal. Quando uma lei pela moral e pelos bons costumes é sancionada, a agressão foi à sociedade. A deputada Myrian Rios é a ponta de um iceberg. Eu me pergunto: o que leva uma pessoa a achar que tem o direito de dizer como outra deve pensar e viver?

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O pânico de Santa Maria


osé de Souza Martins - O Estado de S.Paulo
Há no Brasil um elenco de tragédias decorrentes de pânico em recintos fechados, com numerosas vítimas. Ficou na memória popular o caso de 1938, numa matinê no Cine Oberdan, no bairro do Brás. Alguém gritou "fogo!". Os que estavam no balcão dispararam em direção às saídas. Trinta e uma pessoas morreram esmagadas, crianças na maior parte. Em uma tarde de domingo de dezembro de 1961, um incêndio criminoso no Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, matou mais de 500 pessoas, 70% crianças. O caso de Santa Maria é de pânico em recinto desprovido de meios adequados à atenuação de suas consequências mais graves. As vítimas tentaram escapar, mas não encontraram a saída.

O pânico é característico da sociedade moderna porque a multidão é dela praticamente constitutiva. A sociedade moderna frequentemente se expressa como corpo coletivo em grandes aglomerações humanas, temporárias, que atenuam ou anulam a competência para a reflexão individual e a decisão pessoal. Cada um se torna dependente do comportamento dos outros, comportamento por contágio. 

O caso paradigmático de pânico foi o do Mercury Theatre, um programa radiofônico de Orson Welles, na noite de Halloween de 1938, que transmitia uma dramatização da obra de H. G. Wells, A Guerra dos Mundos. Para imprimir realismo à apresentação, o programa foi interrompido para transmissão de uma notícia extraordinária: marcianos estavam desembarcando em diferentes pontos. Segundo o estudo clássico de Hadley Cantril, The Invasion of Mars, milhares de pessoas foram atingidas pelo pavor. 

O comportamento coletivo é tendencialmente irracional, provocado por fator geralmente repentino, como uma faísca, uma explosão, um grito, uma falsa notícia alarmante, em situações sociais em que as referências estáveis de conduta, que são as normais e corriqueiras, não operam plenamente. As pessoas estão cercadas predominantemente por desconhecidos e os códigos de conduta são em boa parte improvisados no momento, de reciprocidades meramente reativas.

Quando um começa a correr, todos correm, mesmo sem saber o motivo. É essa característica sociológica do comportamento coletivo que impõe a prudência e a providência de que as situações de multidão sejam regulamentadas e condicionadas por marcos e instrumentos de referência de conduta e de segurança em situação de emergência: saídas largas e em número proporcional ao público presente, extintores de incêndio, especialistas em orientação de multidão, iluminação, etc.. São os lembretes das normas sociais interiorizadas, que essas situações invariavelmente colocam entre parênteses. O caso de Santa Maria, pelas informações até agora disponíveis, sugere que o alto índice de mortes foi agravado pela falta desses cuidados.

Quando do pânico decorrem mortes, as pessoas surpreendidas nos trajes, nos atos, no cenário e na circunstância "impróprios para morrer", numa cultura funerária como a nossa, tradicional, que pressupõe a morte em família, as sequelas sociais são imensas.

Cria-se a situação culturalmente anômala do ausente que não chega, do filho que não volta. A espera passa a regular a vida da família, numa sociedade em que já não há lugar para esperar.

ACÚMULO DE LIXO NAS RUAS DO BRÁS PREOCUPA PARLAMENTARES


Juvenal Pereira
CPI das Enchentes
Luiz Gonzaga é o presidente da LOGA


Nesta quarta-feira (18/08), a CPI das Enchentes ouviu Luiz Gonzaga Alves Pereira, presidente da Logística Ambiental de São Paulo S.A- LOGA, concessionária responsável pela coleta, transporte, tratamento e destinação de resíduos domiciliares e hospitalares
A LOGA atende13 subprefeituras (Butantã, Casa Verde, Freguesia do Ó/Brasilândia, Jaçanã/Tremembé, Mooca, Lapa, Sé, Santana, Penha, Perus, Pinheiros, Pirituba/ Jaraguá, Vila Maria/Vila Guilherme) .Questionado pelos vereadores, Luiz Gonzaga informou que durante esse tempo, a empresa já recebeu diversas notificações, mais ou menos 30 multas totalizando um desconto de aproximadamente R$170 mil na fatura.
 
O vereador e presidente da CPI, Adilson Amadeu (PTB), está preocupado com a quantidade de lixo presente nas ruas do Brás, Pari e Canindé. “Eu posso nomear mais de 60 pontos onde há depósito de lixo irregular”, disse Amadeu.
 
O presidente da LOGA aceitou o convite do vereador Amadeu para uma caminhada pelos bairros. “No Brás, há uma grande concentração de  pólos geradores de lixo. Porém as empresas se negam a contratar o serviço de terceiros para a coleta e usam a cota domiciliar”, informou Gonzaga. A cota domiciliar prevista no contrato é de 200 litros de lixo por unidade habitacional. 
 
Também participaram da reunião os vereadores: Zelão (PT); Wadih Mutran (PP), relator; Quito Formiga (PR); Abou Anni(PV); José Police Neto (PSDB); Donato (PT);e Aurélio Miguel (PR).  
IXO DAS RUAS VAI PARA AS FÁBRICAS RECICLADOPDF
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Tem sido comum fiscais da Prefeitura vistoriarem o comércio do Brás e lacrarem firmas constituídas que trabalham com produtos recicláveis.
Segundo a própria Prefeitura, embora sejam microempresas legais perante o fisco, não se concede alvarás para esse tipo de comércio.
Ocorre que, trabalho é trabalho, os carroceiros precisam ganhar o pão e ao mesmo tempo tiram o lixo das ruas, vendendo-o às firmas de reciclagem e, estas, por sua vez, separam o plástico do pano e do papel, embalando e repassando para indústrias. O plástico é transformado em grãos, o papel derretido para mil fins e os retalhos de pano são usados em outras mil utilidades, como estopa, tapetes, esfregões, acolchoamento de sofás, bancos de carros, e enfim, ao que se destina.
Como o Brás é Brás de problemas com o lixo sem fim, impõe-se que as autoridades sejam condescendentes com a questão, encontrando um meio para facilitar o trabalho dessas microempresas que no todo somam centenas de famílias que precisam trabalhar, de acordo com a própria cartilha do MEI.

Todos precisam trabalhar
Wesley trabalha há três anos com reciclagem no Brás. “As lojas jogam o lixo nas ruas do Brás e nós pegamos o material”, diz ele. Ele é em seguida reciclado. E com isso ajudam na limpeza do bairro.
Ele trabalha com plástico e pano. “Com o pano, fazemos tapete, estopa e enchimento”, conta. O destino deste material são as fábricas de São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina. Parte do material é comprado dos carroceiros, acrescenta Wesley. O material é muito bem separado antes de ser reciclado.
Com o plástico, pega-se o grão para se fazer, por exemplo, sacola de mercado. O plástico mole, diz ele, serve para embalagem.
A quantidade de material que chega por dia no local varia muito, explica. Seis pessoas garantem o sustento de suas famílias com este trabalho.
Wesley finaliza dizendo que o estofamento do banco de carro também é feito com os restos de pano.

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Wesley faz o lixo ser usado em mil utilidades




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Rodrigo embal