No Brasil, são recolhidos 33 milhões de toneladas de entulho por ano. E é o dono da obra quem deve assegurar a destinação correta dos restos de material de construção. 
“Hoje em dia a gente estima que praticamente metade do entulho gerado não vão para aterros licenciados. Estamos observando que tem uma grande oportunidade de matéria-prima pra ser reciclada”, diz Gilberto Meirelles, sócio da Estação Resgate.
Belo Horizonte foi uma das primeiras cidades do Brasil a destinar de forma inteligente o entulho. Por dia, 460 toneladas de detritos são transformados em insumo para a construção civil. Os restos de obra coletados nas ruas são levados para usinas de reciclagem, que passam por um britador e são transformados em brita ou areia, usados na mistura do cimento para a fabricação de blocos. “É uma brita reciclada. Ela vai substituir a brita natural na elaboração de blocos, pavimentação, meio fio. A areia vai compor o trato de um concreto mais fino, e a gente também utiliza nas nossas obras algumas peças de concreto que a gente fabrica”, declara Lucas Garilho, diretor de planejamento da Sup de Limpeza Urbana.
Se fosse comprar esses materiais no mercado, Belo Horizonte gastaria aproximadamente R$ 7 milhões por ano. “Um bloco desse no mercado está em torno de R$ 1, R$ 1,20. Para nós sai com uma redução em torno de 40%”, diz Lucas.
Destino novo e sustentável para pneus velhos
Abandonado no lugar errado, pneu velho acumula água de chuva e vira foco de mosquitos, como o Aedes aegypti. No primeiro semestre deste ano, quase 463 mil toneladas de pneus foram transformados em matéria-prima ou energia.
Um dos principais destinos foram as usinas de asfalto, para a produção do asfalto borracha. O pneu triturado é aquecido a 175 graus centígrados para que fique semi-líquido. “Ele é misturado aos agregados, que são as britas em geral, e é espalhado na pista”, explica Paulo Rosa Machado Filho, assistente de projetos especiais da Ecovias.
O asfalto borracha é 30% mais caro. A vantagem é que ele é mais resistente que o asfalto comum. “Além disso, provoca um ruído menor na rodovia e produz menos spray, que é aquela água que levanta dos pneus quando chove”, completa Paulo.