terça-feira, 28 de setembro de 2010

Metais pesados na Billings e Guarapiranga



Categoria: Meio ambiente/ JT
Felipe Oda
O fundo das represas Billings e Guarapiranga está contaminado com metais pesados. Chumbo, cobre, níquel e zinco são alguns dos elementos químicos encontrados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). Segundo eles, a contaminação dos sedimentos pode comprometer a qualidade da água e a exposição prolongada pode provocar câncer. Responsável pelo tratamento da água, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) afirma que não há risco para os consumidores.
A contaminação do solo dos reservatórios, que abastecem 4,5 milhões de pessoas na capital e na Grande São Paulo, é atribuída ao esgoto despejado irregularmente por casas e indústrias. Em alguns trechos, os pesquisadores detectaram cobre 30 vezes acima do nível de segurança recomendado por agências internacionais de saúde.
Valores esses que apontam para a possibilidade de intoxicação, diz a pesquisadora do Departamento de Saúde Ambiental da Faculdade de Saúde Pública (FSP), da USP, Silvana Cutolo Audrá. “O consumo de água contaminada com metais (pesados) pode acarretar náusea, dor de cabeça e irritações na pele e nas mucosas. Mas a exposição a longo prazo pode ser mais severa, como diminuir a fertilidade, defeitos congênitos e surgimento de câncer.”
Apesar de a Sabesp negar riscos, o biólogo e autor do estudo, Marcelo Luiz Martins Pompêo, do Departamento de Ecologia do Instituto de Biociências, da USP, explica que há possibilidade de a água que chega às torneiras das casas ser contaminada. “Quando há mudança no pH (acidez) da água, nos níveis de oxigênio ou por conta da ação dos ventos, metais pesados podem se misturar à água.”
Oito estações da Sabesp fazem o tratamento da água na capital. No entanto, Pompêo diz que mesmo após o processo, parte dos metais pesados ainda se mantém. “Não quer dizer que a água não é potável, mas as estações não foram construídas para essa finalidade (retirar metais pesados).”
Além do monitoramento dos sedimentos pela Sabesp, especialistas alertam para a necessidade de ações de captação e tratamento de esgoto despejado irregularmente. “A contaminação também é decorrente das ocupações irregulares nas áreas de mananciais que lançam esgoto sem tratamento nos reservatórios”, diz o biólogo e ex-funcionário da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) Aristides Almeida Rocha.
Cerca de um milhão de pessoas vivem em áreas de preservação na Billings e Guarapiranga, diz a Secretaria de Habitação. A falta de coleta de esgoto é o principal problema de saneamento, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em agosto. Mais da metade dos domicílios recorre a fossas sépticas, valas a céu aberto ou lança o esgoto em cursos d’água.
Para tentar acabar com o problema, a Secretaria Estadual de Saneamento e Energia lançou o Programa Vida Nova Mananciais. Até 2015, o governo pretende investir R$ 1,3 bilhão com a retirada de famílias que ocupam áreas no entorno das represas, urbanizar favelas e criar redes de esgoto.
“Temos que concluir esse projeto de coleta e tratamento de esgoto e fazer a urbanização de 45 favelas nas regiões da Billings e Guarapiranga”, afirma a secretária da pasta, Dilma Seli Pena.
 Sem riscos
A presença de metais pesados nos sedimentos das represas Billings e Guarapiranga não significa contaminação da água, afirma a Sabesp, em nota. A companhia diz monitorar a “evolução da concentração dos metais nos mananciais utilizados para abastecimento”, sem detectar nenhum risco à saúde da população.
JT pediu à companhia informações sobre a composição da água após o tratamento. A Sabesp, no entanto, não forneceu os dados, alegando que são muitos os pontos onde é feita a coleta para verificação da qualidade da água. Por isso, a variação de resultados é muito grande. A empresa garantiu, no entanto, que os níveis de metais pesados (quando detectados) ficam dentro dos parâmetros considerados aceitáveis por normas internacionais.
“A remoção de metais pesados é efetuada durante o processo de sedimentação, onde, através da elevação do pH, ocorre a precipitação dos mesmos nas unidades de decantação”, diz nota da Sabesp. Segundo a companhia, caso sejam detectados metais em concentração de risco, “uma anomalia é apontada no relatório da Vigilância Sanitária e são tomadas as ações corretivas”.
“Os padrões e limites de potabilidade para qualidade da água destinada ao abastecimento são estabelecidos a partir de critérios rigorosos e anos de pesquisa, inclusive toxicológica”, informa a nota.
A Sabesp diz que as oito estações de tratamento da capital seguem a legislação nacional, contemplando parâmetros e critérios de potabilidade de portaria do Ministério da Saúde. A tecnologia de tratamento segue modelo recomendado por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), ligado ao Ministério do Meio Ambiente.
Colaborou Luiz Guilherme Gerbelli

O mal a evitar

 O Estado de S.Paulo/ editorial com chamada de capa em 26/09/2010 ou O dia em que o Estadão declarou seu amor ao tucano Serra.
A acusação do presidente da República de que a Imprensa "se comporta como um partido político" é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside. E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre "se comportar como um partido político" e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país.
Com todo o peso da responsabilidade à qual nunca se subtraiu em 135 anos de lutas, o Estado apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República, e não apenas pelos méritos do candidato, por seu currículo exemplar de homem público e pelo que ele pode representar para a recondução do País ao desenvolvimento econômico e social pautado por valores éticos. O apoio deve-se também à convicção de que o candidato Serra é o que tem melhor possibilidade de evitar um grande mal para o País.
Efetivamente, não bastasse o embuste do "nunca antes", agora o dono do PT passou a investir pesado na empulhação de que a Imprensa denuncia a corrupção que degrada seu governo por motivos partidários. O presidente Lula tem, como se vê, outro mau hábito: julgar os outros por si. Quem age em função de interesse partidário é quem se transformou de presidente de todos os brasileiros em chefe de uma facção que tanto mais sectária se torna quanto mais se apaixona pelo poder. É quem é o responsável pela invenção de uma candidata para representá-lo no pleito presidencial e, se eleita, segurar o lugar do chefão e garantir o bem-estar da companheirada. É sobre essa perspectiva tão grave e ameaçadora que os eleitores precisam refletir. O que estará em jogo, no dia 3 de outubro, não é apenas a continuidade de um projeto de crescimento econômico com a distribuição de dividendos sociais. Isso todos os candidatos prometem e têm condições de fazer. O que o eleitor decidirá de mais importante é se deixará a máquina do Estado nas mãos de quem trata o governo e o seu partido como se fossem uma coisa só, submetendo o interesse coletivo aos interesses de sua facção.
Não precisava ser assim. Luiz Inácio Lula da Silva está chegando ao final de seus dois mandatos com níveis de popularidade sem precedentes, alavancados por realizações das quais ele e todos os brasileiros podem se orgulhar, tanto no prosseguimento e aceleração da ingente tarefa - iniciada nos governos de Itamar Franco e Fernando Henrique - de promover o desenvolvimento econômico quanto na ampliação dos programas que têm permitido a incorporação de milhões de brasileiros a condições materiais de vida minimamente compatíveis com as exigências da dignidade humana. Sob esses aspectos o Brasil evoluiu e é hoje, sem sombra de dúvida, um país melhor. Mas essa é uma obra incompleta. Pior, uma construção que se desenvolveu paralelamente a tentativas quase sempre bem-sucedidas de desconstrução de um edifício institucional democrático historicamente frágil no Brasil, mas indispensável para a consolidação, em qualquer parte, de qualquer processo de desenvolvimento de que o homem seja sujeito e não mero objeto.
Se a política é a arte de aliar meios a fins, Lula e seu entorno primam pela escolha dos piores meios para atingir seu fim precípuo: manter-se no poder. Para isso vale tudo: alianças espúrias, corrupção dos agentes políticos, tráfico de influência, mistificação e, inclusive, o solapamento das instituições sobre as quais repousa a democracia - a começar pelo Congresso. E o que dizer da postura nada edificante de um chefe de Estado que despreza a liturgia que sua investidura exige e se entrega descontroladamente ao desmando e à autoglorificação? Este é o "cara". Esta é a mentalidade que hipnotiza os brasileiros. Este é o grande mau exemplo que permite a qualquer um se perguntar: "Se ele pode ignorar as instituições e atropelar as leis, por que não eu?" Este é o mal a evitar. 


A despoluição do Tietê


26 de setembro de 2010 | 0h 00
     O Estado de S.Paulo
Seus resultados surgem com lentidão e muitas vezes nem são percebidos pela população, mas, num país que parecia conformado com paralisações e cancelamentos de projetos de governo por razões eleitorais ou por incapacidade gerencial, o Projeto Tietê, de despoluição do principal rio que atravessa a região metropolitana de São Paulo, se transformou num modelo de política pública de longo prazo. Iniciado em 1992 pelo governo do Estado de São Paulo - depois de um amplo movimento popular liderado pela Rádio Eldorado e pelo Jornal da Tarde -, o programa entra agora na terceira das quatro etapas em que foi dividido.
Não há prazo para tornar o Tietê um rio limpo e utilizável para diferentes atividades, de lazer a transporte, como é hoje o Tâmisa, na Inglaterra, cujo programa de despoluição é considerado exemplar. A secretária estadual de Saneamento e Energia, Dilma Pena, diz apenas que, se até 2020, o Tietê estiver totalmente livre do esgoto sem tratamento que tem sido lançado em suas águas, "será um grande avanço".
De fato, será, pois, sem esgotos, as águas correntes se recuperarão. Desde já, porém, se pode afirmar que uma parte significativa desse avanço foi conquistada. O dado mais recente, mostrado na reportagem sobre o Tietê publicada no Estado de quarta-feira, é a redução da mancha de poluição do rio em aproximadamente 40 quilômetros nos últimos oito anos, período em que foi executada a segunda etapa do projeto.
É um avanço bem menor do que o registrado na primeira etapa, quando a mancha de poluição foi reduzida em 120 quilômetros. Mas, à medida que o projeto avança, seus ganhos tendem a ser menores.
No início, os resultados surgiram com mais rapidez. Na primeira fase foram construídas três estações de tratamento de esgotos (ETEs), com capacidade para tratar 7 metros cúbicos por segundo, e foi ampliada, de 7 mil para 9 mil metros cúbicos, a capacidade da ETE Barueri. Foi também ampliada a rede de coleta de esgotos.
Na segunda etapa, foi dada ênfase às obras de coleta e condução dos esgotos até as ETEs, para utilizar toda a capacidade de tratamento já disponível. De acordo com a Sabesp, nessa etapa o índice de coleta de esgotos na região metropolitana de São Paulo foi elevado de 80% para 84% dos domicílios e o índice de tratamento dos esgotos coletados, de 62% para 70%. Além disso, cerca de 400 milhões de litros de esgotos deixaram de ser lançados diariamente na Bacia do Alto Tietê.
Nos últimos 18 anos, foram investidos no projeto o equivalente a US$ 2,5 bilhões. A terceira etapa contará com US$ 600 milhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e mais US$ 200 milhões de recursos próprios da Sabesp. A meta é, até 2016, elevar o índice de coleta para 87% dos domicílios e o de tratamento, para 84%. Para isso será preciso construir 580 quilômetros de coletores-tronco e 1,25 mil quilômetros de rede coletora. As ETEs em operação terão sua capacidade aumentada em 41%, ou seja, poderão tratar mais 7,4 metros cúbicos por segundo.
Parte das obras da terceira etapa já está em plena execução, com recursos antecipados pelo BID em condições menos favoráveis do que o empréstimo convencional, mas considerados necessários para evitar a interrupção do projeto. Entre as obras em execução está o coletor-tronco de 15,5 quilômetros na margem esquerda do Córrego do Ipiranga, ao longo das Avenidas Ricardo Jafet e Abraão de Moraes e da Rodovia dos Imigrantes.
Embora não integrem o projeto de despoluição do Tietê, pois tiveram como objetivo conter as enchentes, as obras de aprofundamento da calha do rio, que contaram com financiamento do Japan Bank for International Cooperation, também beneficiaram o rio, ao aumentar significativamente sua vazão.
Se um dia for considerado limpo, o trecho metropolitano do Tietê poderá ser explorado economicamente, para o transporte de mercadorias e para o lazer, em passeios nos barcos, imaginam engenheiros especializados em recursos hídricos e ambientalistas. Talvez esse dia não esteja tão distante. 


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Brasileiro toma R$ 3 bi por dia emprestados



  • 22 de setembro de 2010 | 
  • 10h35 | do JT
Categoria: Crédito
Gisele Tamamar
Os bancos emprestaram R$ 701,1 bilhões para os brasileiros até julho. Um valor 19,2% maior do que registrado no mesmo período do ano passado – quando o saldo foi de R$ 587,9 bilhões – e equivale a uma média de R$ 3,3 bilhões em crédito por dia. Na avaliação dos especialistas, a alta é impulsionada, principalmente, pelos financiamentos imobiliários, pela compra de automóveis e também pelo crédito consignado.
De acordo com o vice-presidente da Associação Nacional dos executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, o aumento do crédito reflete o bom momento da economia e deve continuar em expansão nos próximos meses. “Do ponto de vista do consumidor, esse cenário é bom porque aumenta o poder de compra e possibilita o financiamento da casa própria e a compra do carro, por exemplo”, destaca.
Oliveira também lembra que enquanto os prazos para pagamentos estão maiores, as taxas de juros estão em queda, resultado de uma maior concorrência no sistema financeiro, redução da inadimplência, normalização do mercado externo e o bom cenário econômico nacional. Em agosto, a taxa média para pessoa física atingiu o menor índice desde 1995: 6,75% ao mês, conforme a Anefac.
O professor da FGV-Eaesp, José Pereira da Silva, destaca que o aumento do crédito possibilita a melhora do padrão de vida das pessoas, mas é importante se preocupar com as taxas de inadimplência. “As estatísticas do Banco Central mostram que a inadimplência está em queda, mas não me sinto seguro para afirmar que essa tendência vai continuar”, afirma.
Segundo o professor, a população de baixa renda tem carências de consumo e é constantemente bombardeada com anúncios para estimular a compra.
Uma família com renda mensal de R$ 1,5 mil compromete 70% do valor com três necessidades básicas: transporte, alimentação e moradia. “O que sobra é muito pouco. Por isso, é importante ter um bom controle para não se endividar com facilidade”, orienta.
A analista financeira, Andreza da Silva, 29 anos, precisou recorrer ao crédito para tornar viável a compra de um apartamento de R$ 110 mil. O financiamento corresponde a 80% do preço do imóvel, que será quitado em 16 anos com uma taxa de 10% ao ano.
Enquanto ela era inquilina, gastava R$ 650 por mês com aluguel. Com a compra do imóvel, a despesa saltou para R$ 1.350. O que possibilitou a “troca” foi o aumento salarial de 20% conquistado em 2009. “O aumento de salário foi primordial para que eu pudesse assumir um valor maior que o aluguel que eu pagava”, diz.

Eles moram sozinhos e são grandes consumidores



Carolina Dall’Olio
Eles são solteiros, divorciados ou viúvos. Priorizam o trabalho e, como resultado, têm mais chances de ascender profissionalmente. Os salários costumam ter como único destino seu sustento e bem-estar. Pelo comportamento, perfil de consumo e também pelo papel cada vez mais relevante que desempenham na economia, eles estão modificando rapidamente a cara da cidade.
Hoje, 7,194 milhões de brasileiros vivem sozinhos, 1,645 milhão deles no Estado de São Paulo. É como se, num edifício com 100 apartamentos, 12 fossem ocupados, cada um, por um único morador. Em menos de uma década, o grupo dos sozinhos cresceu mais de 50%. E só tende a aumentar. “Com mais renda e mais emprego, muitos jovens podem sair da casa dos pais ou então mudam de cidade em função do trabalho”, justifica Maria Lucia Vieira, coordenadora da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (Pnad/ IBGE). “O envelhecimento da população e profissionalização da mulher, postergando o casamento, também reforçam a tendência.”
As pessoas que vivem sós reúnem características que combinam muito bem com o desenvolvimento econômico de uma cidade. Independentemente da renda que têm, o que chama atenção em seu perfil é a maneira como gastam seu dinheiro. “Diferentemente dos casados, esse público tem menos compromissos financeiros, como escola dos filhos ou mesmo o sustento de outro cônjuge”, explica Renato Trindade, que coordenou uma pesquisa da Bridge Research sobre os solteiros paulistanos. “Portanto, têm um poder de consumo maior.”
Eles investem apenas em si. Por isso, quando a relações públicas Paloma Costoya, de 25 anos, mudou de emprego e passou a ganhar “bem mais”, ela logo soube para onde iria o dinheiro extra: para as prestações da casa própria (hoje ela paga aluguel) e para as muitas baladas do fim de semana. Paloma gasta cerca de R$ 500 por mês só para se divertir. “Eu sou solteira e trabalho tanto que, quando tenho um tempo livre, quero mais é aproveitar”, argumenta. Mesmo assim, ainda sobra dinheiro para custear sozinha todas as despesas do apartamento em que mora no Ipiranga e também para financiar a próxima casa em que pretende viver.
Consumidores como Paloma têm transformado o mercado imobiliário paulistano. Antes dominada por lançamentos com três ou quatro dormitórios, a cidade agora começa a assistir uma multiplicação dos imóveis menores, de um dormitório. De acordo com o Sindicato da Habitação (Secovi-SP), foram entregues 1.632 unidades na capital no primeiro semestre de 2010, um crescimento de 371% em relação ao mesmo período do ano passado.
“O mercado imobiliário é o mais impactado por esse público, mas o setor de comércio e serviços também está se modificando em função deles”, afirma Luiz Goes, sócio da consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza. Nos últimos cinco anos, a indústria já reduziu a embalagem dos alimentos pela metade do tamanho original. A oferta de serviços para atender a esse público – desde novos restaurantes, bares e boates até pacotes de turismo especificamente direcionados a solteiros – também não para de crescer.
Paloma gasta seu sinheiro com diversão e prestação da casa própria (Foto: Paulo Pinto/AE)
Paloma gasta seu sinheiro com diversão e prestação da casa própria (Foto: Paulo Pinto/AE)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O Dia da Árvore deveria se chamar Dia da Muda

Marcos Sá Corrêa - O Estado de S.Paulo  17/09/2010
O País comemora na próxima semana mais um aniversário de seu atraso ambiental. É o Dia da Árvore.
A data deitou raízes no calendário cívico nacional há quase cem anos. Pelo menos cinco décadas depois de desabrochar nos Estados Unidos. A festa começou em Nebraska em 1872, quase ao mesmo tempo em que brotavam os primeiros parques nacionais do mundo. Fazia parte de uma onda de conservação da natureza que o resto do mundo imitaria mais cedo ou mais tarde.
Aqui, ficou para mais tarde. Perdeu a chance de marcar, no fim dos século 19, a campanha contra o desmatamento do sueco Alberto Loefgren, chefe da seção de botânica da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. Loefgren queria o pacote completo. Não o plantio simbólico de mudas. Mas sobretudo os parques e o Código Florestal.
A resposta do governo saiu no começo do século 20. Reduzia-se ao Dia da Árvore, que na prática era o desmatamento de Loefgren reduzido à mínima potência. O Código Florestal e os primeiros parques nacionais, discutidos desde o Segundo Reinado e empurrados com a barriga pela República Velha, vingaram na década de 1930, às vésperas do Estado Novo. Bem depois que a moda americana se alastrara até as colônias africanas.
Nos Estados Unidos, o Dia da Árvore, que em outros lugares do Hemisfério Norte cai em março, como a primavera, acontece em 23 de setembro, para coincidir com o aniversário de Julius Morton, o cidadão de Nebraska que inventou a cerimônia. No Brasil, cai em 21 de setembro, para coincidir com a entrada da primavera, época em que uma tradição indígena muito mais renitente celebra a estação das queimadas.
Talvez por causa desse paradoxo, nosso Dia da Árvore - que, pelo decreto 55.795, chama-se Festa Anual da Árvore desde 1965 - deveria se chamar Dia da Muda. Árvore é coisa que se leva muito tempo para fazer. Muda, não. Dá fruto no dia da festa. E basta.
Como o decreto de 1965, que o País esqueceu, as mudas plantadas em 21 de setembro têm forte pendor para não crescer. Quem passou pelas escolas públicas do Rio na década de 1950, no tempo em que os alunos cantavam o Hino Nacional e hasteavam a bandeira antes de entrar na sala de aula, deve se lembrar da data como o dia em que todo mundo se perfilava em volta de um buraco no pátio, onde as professoras cravavam uma haste tenra, desfolhada, dizendo se tratar de um futuro pau-brasil - ou árvore que o valha.
Meio século depois, se uma ínfima porcentagem desses brotos tivesse crescido, as escolas públicas cariocas estariam hoje debaixo de bosques. Não em áreas cimentadas. E essa aridez não é só produto do acaso nem do cerco imobiliário que espremeu as escolas em áreas cimentadas. O Movimento Viva Rio, há dez anos, tentou doar mudas para Cieps da zona oeste, onde os prédios de Oscar Niemeyer geralmente cozinham ao sol escaldante em terrenos desérticos. Ouviu, da primeira diretora consultada, que árvore em escola só serve para os alunos se esconderem atrás do tronco, fazendo bobagens.
Mas as mudas nem por isso perdem a festa de seu dia. Amanhã, pelo menos nas rodovias de São Paulo, 120 mil miniaturas de espécies nativas serão distribuídos nos postos de pedágio pela SOS Mata Atlântica, com minuciosas instruções sobre como e onde plantá-las. Eis uma oportunidade que a educação ambiental dos estudantes brasileiros não deveria perder, seguindo o destino dessas menores até chegar a hora de virarem, de pleno direito, árvores. Daqui a três anos.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

NO RÁDIO, ALCKMIN PROMETE R$ 1,4 BI PARA DESPOLUIR RIO TIETÊ



17 de setembro de 2010  08h23  atualizado às 08h31 do site Terra



Durante o horário eleitoral gratuito veiculado no rádio na manhã desta sexta-feira (17), o candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, prometeu investir quase R$ 1,4 bilhão no tratamento de esgoto para ajudar na despoluição do rio Tietê. "A maior causa da poluição hoje é o esgoto sanitário. Então, com o projeto Tietê 3, nós teremos mais 1,5 milhão de pessoas na Grande São Paulo que irão ter o esgoto coletado e tratado", afirmou Alckmin.
O programa também lembrou que Geraldo, quando era deputado federal, foi quem apresentou o projeto de lei que virou o Código de Defesa do Consumidor. "Nós pretendemos descentralizar a Fundação Procon de São Paulo para as regiões administrativas do Estado e aumentar os 'Procons' municipais", disse Alckmin.
Os locutores da inserção tucana comentaram a atuação de Alckmin nos debates promovidos na TV. "Tem candidato que diz que vai fazer o que já foi feito. Ou quer fazer a mesma coisa que o Geraldo já fez. Fora que tem uns três ou quatro que parece que já entram meio combinado para acertar o Geraldo", disse Joca. "E você vê, o Geraldo está sempre equilibrado, não perde a categoria", completou.
O programa de Aloizio Mercadante utilizou falas do candidato proferidas durante o debate Folha/RedeTV! na última quarta-feira (15) com suas propostas para a educação. "Esse Estado é rico, esse Estado pode ter escola com qualidade. Nós temos que avaliar os alunos, ter reforço. Tem que ter carreira para os professores. Dezesseis anos do PSDB, 100 mil professores não têm carreira", afirmou o petista. Mercadante também cobrou as propostas do governo tucano para a CPTM. "Há quanto tempo que eles dizem que irão dar qualidade de metrô para a CPTM. Onde está essa qualidade? Em uma linha, duas talvez", criticou.
O empresário Paulo Skaf (PSB) fez críticas ao voto em Tiririca, candidato a deputado federal pelo PR. ¿Se eu pintasse minha cara de palhaço, vocês votariam em mim? Claro que não, ou seja, o voto no Tiririca não é um voto a favor, é um voto contra". Para o socialista, os eleitores que pretendem votar no palhaço querem alertar os políticos que estão 'de saco cheio'. "É bom levar esse recado a sério. Do contrário, em breve poderemos ter novos Tiriricas se elegendo para o Senado, quem sabe para a prefeitura ou até mesmo para o governo", afirmou Skaf.
Fabio Feldmann, do PV, voltou a defender economia criativa, ou seja, "novas formas de gerar emprego e renda investindo em atividades como tecnologia da informação, design, moda, turismo de negócios e turismo médico¿. O candidato também falou sobre a economia de baixo carbono e a criação de programas específicos para tratamento das doenças modernas, como a obesidade, a anorexia e a depressão.
O jornalista Celso Russomanno (PP) aproveitou seu espaço para agradecer aos eleitores o carinho recebido durante as visitas que tem feito a cidades de todo o Estado e para pedir ajuda a sua campanha. "Você quer me ajudar? Eu preciso de você. Você sabe que minha campanha é humilde, com poucos recursos, porque eu sempre estive do lado dos mais fracos e humildes. Seja um voluntário na minha campanha", pediu o progressista.
O programa de Paulo Bufalo (Psol) foi o mesmo já veiculado anteriormente, no qual um locutor afirma que o partido "lutou sem vacilar contra a reforma do Código Florestal" e "defendeu no Congresso e nas ruas, a Lei da Ficha Limpa".